Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-28)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Tendência e Debates
sábado, 28 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

formar para a cidadania plena. E subestima o papel
fundamental dos professores, menosprezando as
competências necessárias à docência.


Em vez de empreender esforços na contramão do que o
país necessita para garantir acesso a uma educação de
qualidade, vamos mirar na formação dos professores,
em garantir infraestrutura, materiais.


Vamos reforçar o papel da escola como epicentro do
planejamento das políticas públicas, sendo o canal mais
efetivo na garantia dos direitos de aprendizagem para
todos, com qualidade e escala.


Esperamos que o Senado Federal, na votação do
projeto de lei, corrija essa tentativa de levar o Brasil
para o retrocesso educacional e social.


[...]


A educação integral não pode se consolidar se limitada
ao círculo familiar. A escola é território de convivência e
de experiências.


De discussões, compartilhamento e construção de
saberes. (... ) Não há como preparar indivíduos para a
vida em sociedade, para o trabalho e para seu
desenvolvimento pleno sem transcender o controle da
família




Sim Segurança jurídica


Registro das famílias educadoras permitirá
acompanhamento adequado


Uma característica curiosa da discussão política
brasileira é a tendência de varrer para debaixo do tapete
todos os fatos que incomodam, que vão contra
determinada ideologia ou forma de pensar. Seria como
dizer "se eu não gosto, não existe".


Então, o que se faz com as dezenas de milhares de
famílias brasileiras que tiraram os filhos da escola, ou


mesmo nunca os matricularam, para educá-los em
casa? O primeiro passo é dizer que não existem, que é
apenas uma invenção de um grupo político.

Quando fica impossível esconder a existência de
alguém ou de um grupo social, a estratégia é
simplesmente difamar. Que tal chamar as famílias
educadoras de retrógradas, obscurantistas, radicais e
talvez até pedófilas e abusadoras? Naturalmente, a
comprovação empírica dessas vagas afirmações é
dispensada.

"É tudo pelo bem das crianças!", eles dizem ao querer
impor a todas as famílias um padrão único de criação e
de educação. Para eles, a diversidade e o pluralismo
somente são válidos quando estão a favor da sua
própria ideologia. Não adianta citar a Constituição
Federal, que fala da liberdade de aprender e de ensinar
e do pluralismo pedagógico: o sonho deles é a
sociedade plural de pensamento único.

Outra característica peculiar de nossa discussão política
é a necessidade constante de "requentar" assuntos já
resolvidos, para dar a eles ares de polêmica novidade.
Não adianta dizer que, em 2018, o Supremo Tribunal
Federal declarou constitucional a educação domiciliar,
desde que obedecidos determinados parâmetros (aliás,
a lei aprovada na Câmara dos Deputados obedece
rigorosamente a esses parâmetros).

A educação domiciliar é um fenômeno social com
crescimento exponencial no Brasil desde o início dos
anos 2000. E veio para ficar: nenhuma família deixou de
educar os filhos em casa por medo de processo ou
denúncia. Educar em casa significa, na maior parte das
vezes, uma mudança radical no estilo de vida da família
-para os que estão dispostos a passar por isso, a
legalidade ou ilegalidade do procedimento é
praticamente irrelevante.

Politicamente, há apenas uma opção responsável: o
reconhecimento expresso conjugado com a
regulamentação do homeschooling. Os primeiros
interessados são naturalmente as famílias, que desejam
educar os seus filhos com a devida segurança jurídica.
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