Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-28)

(Antfer) #1

Truculência e inépcia


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
sábado, 28 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Os agentes que detonaram uma bomba de gás
lacrimogêneo dentro de uma viatura e mataram
Genivaldo de Jesus Santos por asfixia sabiam o que
queriam quando o jogaram no porta-malas do veículo.


Imagens produzidas por testemunhas que filmaram a
cena com seus celulares mostram que o homem se
agitava enquanto ficava sufocado com a fumaça e os
policiais o forçavam a recolher as pernas.


É possível ouvir os gritos da vítima com nitidez em um
dos vídeos, que registra sua agonia até o momento em
que o corpo inerte deixou de opor resistência e os
agentes fecharam a porta traseira.


Santos, 38, morreu na última quarta (25) em Umbaúba
(SE), a 100 quilômetros de Aracaju, após ser parado
pela Polícia Rodoviária Federal por dirigir uma
motocicleta sem o capacete obrigatório.


Três agentes participaram da brutalidade, e caberá
agora à Polícia Federal apurar responsabilidades. Não
faltam testemunhas do episódio, e há fartas evidências
para confrontar as canhestras explicações oferecidas


pelas autoridades nas primeiras horas.

Os policiais disseram que o uso da força e o gás
lacrimogêneo foram necessários para conter Santos
após a abordagem. As imagens mostram que ele foi
revistado sem reagir. Antes de ser jogado na viatura, foi
imobilizado no chão e teve mãos e pés amarrados.

Os agentes afirmaram que o homem sofreu um possível
mal súbito quando era conduzido à delegacia e por isso
o levaram ao hospital. Médicos que receberam Santos
disseram que ele chegou morto. O laudo oficial apontou
asfixia mecânica como causa da morte.

Chocante, o amadorismo dos policiais envolvidos na
ação torna-se alarmante quando se constata que sua
corporação ganhou impulso significativo após a
chegada de Jair Bolsonaro (PL) ao poder.

Criada com a missão de patrulhar as rodovias federais,
ela passou a fazer barulho com apreensões de drogas e
produtos contrabandeados e teve suas atribuições
ampliadas, recebendo recursos para participar de
operações ostensivas e investigações ao lado de outras
forças de segurança.

A mais recente dessas ações ocorreu na terça (24),
quando membros do batalhão de elite da Polícia Militar
do Rio e agentes da PRF foram a uma comunidade da
cidade, a Vila Cruzeiro, supostamente à procura de
traficantes, e 23 pessoas morreram. O despreparo
profissional anda junto com a truculência.

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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