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(Antfer) #1

O Brasil numa câmara de gás


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
sábado, 28 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Cristina Serra


Na cidadezinha do Nordeste, Genivaldo de Jesus
Santos é assassinado no porta-malas da viatura
transformada em câmara de gás. Um dos assassinos
lança o veneno sobre Genivaldo como quem aplica
inseticida para eliminar uma barata.


Genivaldo grita e se debate em desespero. Suas pernas
pedem socorro. Genivaldo pede socorro. Mas não será
ouvido. Vai desmaiar e morrer nos próximos minutos o
cidadão de Umbaúba, Sergipe. Brasil. Os agentes da
Polícia Rodoviária Federal não fizeram uma "abordagem
policial". Cometeram um crime, sem dar chance de
defesa à vítima. Homicídio qualificado, segundo o
Código Penal.


Também está errado referir-se à chacina na Vila
Cruzeiro, no Rio de Janeiro, como "operação de
inteligência". Não podemos repetir essa ignomínia e,
muito menos, aceitá-la, sob pena de nos tornarmos
cúmplices. Nossa indignação tem que dar às coisas os
nomes que elas têm: carnificina, mortandade, matança,
morticínio, assassinato em massa. Quais os crimes


atribuídos aos mortos? Sua culpa, sua máxima culpa, foi
terem nascido pretos e pobres.

O governador Cláudio Castro e as autoridades de
(in)segurança têm que responder por essas execuções.
Sem qualquer freio ou controle, excitada pelo frenesi de
violência do bolsonarismo, a polícia do Rio age sem se
distinguir de esquadrões da morte ou grupos de
extermínio.

O massacre foi planejado para deixar rastros de sangue
e terror, intimidar e imobilizar a sociedade e as
instituições. Na chacina da Vila Cruzeiro, como na do
Jacarezinho, um ano atrás, os comandos policiais
desafiaram explicitamente a ordem do STF de só fazer
incursões nas favelas em situações excepcionais.

Nesta semana funesta, não pode passar em branco a
hostilidade de empresários do Rio Grande do Sul que
levou ao cancelamento da viagem do presidente do
STF, Luiz Fux, para evento no estado, por questão de
"segurança". O bolsonarismo arreganha os dentes e
prenuncia a radicalização extremista do período
eleitoral.

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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