País sempre busca soluções ruins para problemas complexos, diz
economistaBanco Central do BrasilJornal Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
sábado, 28 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Caderneta de poupançaClique aqui para abrir a imagemAutor: Douglas Gavras
?Considerado um dos pais do teto de gastos, o
economista Marcos Mendes, 57, se diz pessimista com
a discussão de temas econômicos durante a eleição,
em outubro. "Espero uma discussão a partir de falsos
dilemas, como Estado ante iniciativa privada, aumentar
gastos ou não. Mais importante seria olhar a qualidade
dos gastos"?, diz Mendes, que também é professor do
Insper e colunista da Folha.
Ele é organizador do livro "Para Não Esquecer: Políticas
Públicas que Empobrecem o Brasil", uma parceria do
Insper com a Fundação Brava em que especialistas
fazem um balanço de medidas implementadas nos
últimos anos e que fracassaram.
O volume reúne as análises de especialistas como
Bráulio Borges e Samuel Pessôa (ambos do Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas),
Bernard Appy (Centro de Cidadania Fiscal) e Simon
Schwartzman (ex-presidente do IBGE).
Como evitar erros de políticas econômicas que levaram
a períodos curtos de crescimento? Crescimento, a longo
prazo, se faz criando um sistema econômico e
institucional que viabilize o aumento da produtividade. O
objetivo é fazer mais e melhor com a mão de obra e os
equipamentos disponíveis e facilitar o acesso às novas
tecnologias. Só que as medidas necessárias para
melhorar a produtividade conflitam com interesses e
necessidades de curto prazo. Abrir a economia é um
exemplo disso: a curto prazo, significa fechamento de
empresas que só são viáveis quando o país é mais
fechado.O crescimento não pode ser estimulado por meio de
políticas do governo? Muita gente acredita que dá para
crescer por meio da indução do governo, que isso vira
aumento de consumo e investimento, mas essa política
se mostrou fracassada no Brasil e no mundo. No fim,
ela fomenta interesses de grupos específicos que
pressionam por políticas favoráveis a eles, mas que
geram custos para a sociedade.Desde o começo da pandemia, os governos têm
aumentado gastos para compensar as perdas. Não foi a
medida correta? É plenamente justificável aumentar o
gasto do governo quando há uma recessão muito forte.
O remédio tradicional é expandir gastos durante um
curto período de tempo. Mas isso é diferente de dizer
que o governo tem de gastar sempre, que é o que
prevalece no Brasil e só serve para gerar mais inflação
e dívida.Os erros cometidos no passado, que os economistas
apontam no livro, se deram mais por investimentos
públicos equivocados do que por falta de dinheiro? Não
saber onde colocar o dinheiro é mais grave do que não
colocar dinheiro algum. Nos últimos anos, o país deu
subsídios para um monte de estaleiros que tiveram de
fechar, a Sete Brasil foi feita visando as plataformas do
pré-sal e virou sucata. Tudo isso é negativo para o