Banco Central do Brasil
Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
sábado, 28 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Caderneta de poupança
crescimento de longo prazo. O setor privado é mais
capaz de alocar investimentos, ele tem uma série de
filtros que servem para analisar se um projeto é viável.
O governo achar que deve entrar em um setor pois a
iniciativa privada não entra é uma ilusão.
Com inflação e desemprego elevados, a economia deve
ser um dos temas mais importantes da eleição, em
outubro. Há alguma chance de que a discussão não
seja superficial? Creio que nenhuma. Espero uma
discussão a partir de falsos dilemas, como Estado ante
iniciativa privada, aumentar gastos ou não. Mais
importante seria olhar a qualidade dos gastos. Mas a
campanha, assim como as anteriores, deve se voltar
para interesses de eleitores específicos. O Brasil tem
sempre buscado soluções ruins para problemas
complexos. Já se colocou em pauta não permitir
reajustes de energia e a intervenção na Petrobras para
não aumentar os preços está sempre em discussão.
Mexer na política de paridade de preços de
combustíveis seria um erro? Se o preço da gasolina é
puxado para baixo, o etanol perde competitividade.
Também torna a importação inviável. Agora, o governo
deve proteger os vulneráveis e aumentar os programas
de transferência de renda para os mais necessitados.
Sendo um dos pais do teto de gastos, como o sr. avalia
a política fiscal hoje? Houve uma clara deterioração do
processo orçamentário, com o aumento da
obrigatoriedade das emendas parlamentares e a força
que o governo deu às emendas de relator. E são vários
exemplos de como o dinheiro público tem sido gasto de
forma inútil.
Outro exemplo, que vocês comentam no livro, foi a
tentativa fracassada de criação de um fundo soberano
do Brasil? Sim, misturou diagnóstico equivocado e falta
de planejamento. Quiseram criar um fundo em um país
que não tem dinheiro para poupar. Chegamos a pegar
empréstimos para criá-lo -é como usar o cheque
especial para colocar dinheiro na poupança.
No livro, medidas como a exigência de conteúdo local
na exploração de petróleo são duramente criticadas.
Não faz sentido aproveitar uma commodity para
desenvolver a indústria? É uma das coisas mais difíceis
de explicar ao cidadão, a primeira coisa que vão dizer é:
vamos gerar empregos aqui, não na China. Isso soa
bem, mas, quando se olha em detalhes, a política era
de altos custos, imprevisibilidade e dificuldade logística.
O argumento contrário sugere que essas grandes
empresas se tornaram casos de sucesso por contarem
com incentivos de seus países de origem. Esses países
protegeram e alcançaram bons resultados, mas
centenas de outros fizeram o mesmo e não
conseguiram. A proteção, em si, não torna um setor
eficiente, o sucesso veio associado a investir em capital
humano e abrir a economia para ter insumos melhores.
A Embraer é das principais importadoras do país, teve
liberdade para fazer projetos e contou com os ex-alunos
do ITA [Instituto Tecnológico da Aeronáutica].
PARA NÃO ESQUECER: POLÍTICAS PÚBLICAS QUE
EMPOBRECEM O BRASIL
Preço Grátis, digital, em Epub (743 págs.)
Autor Organização: Marcos Mendes
Editora Autografia
Assuntos e Palavras-Chave: Banco Central - Perfil 1 -
Caderneta de poupança