Implantar Acordo de Escazú traria investimentos ao Brasil
Banco Central do Brasil
Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Folhamais
sábado, 28 de maio de 2022
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Autor: Adriana Erthal Abdenur, Maiara Folly e Gabrielle
Alves
Como a política externa brasileira poderia lidar com a
crise ambiental na Amazônia e no cerrado? As invasões
de terras indígenas, a extração ilegal de madeira e a
expansão desenfreada do garimpo ilegal têm causado
destruição e degradação sem precedentes nessas
regiões, com graves consequências para as populações
que ali habitam.
Desde o início do governo de Jair Bolsonaro, a
Amazônia tem registrado taxas recordes de
desmatamento. Somente no primeiro trimestre de 2022,
foram 941, 34 quilômetros quadrados de floresta
derrubada em apenas três meses.
A destruição ambiental e o negacionismo climático
contribuíram para o isolamento do Brasil no cenário
internacional. Por sua vez, a impunidade em torno dos
crimes ambientais alimenta as ameaças e ataques
violentos aos que defendem o meio ambiente e a terra,
tornando o Brasil o quarto país mais violento do mundo
para defensores ambientais.
De acordo com o relatório 'A Última Linha de Defesa',
da Global Witness, em 2021, 20 deles foram
assassinados no Brasil, a maioria na região amazônica.
Tais ataques rapidamente se tornam assuntos
internacionais, condenados por exemplo, pela Comissão
Interamericana de Direitos Humanos e o Escritório
Regional para a América do Sul da ONU Direitos
Humanos.
Esses números alarmantes são fruto de um processo de
desmonte das instituições encarregadas de monitorar e
proteger a floresta, que tem convivido com sucessivos
cortes orçamentários e a redução do número de
servidores com experiência técnica na área ambiental.
No entanto, também são consequência da inação do
Brasil no plano internacional, inclusive em relação ao
Acordo Regional sobre Acesso à Informação,
Participação Pública e Acesso à Justiça em Assuntos
Ambientais na América Latina e no Caribe, conhecido
como Acordo de Escazú.
O acordo, firmado em 2018, atualmente conta com 24
assinaturas e 12 ratificações de países que incluem o
México e a Argentina. Sua primeira Conferência das
Partes (COP) aconteceu entre os dias 20 e 22 de abril,
em Santiago, no Chile. O Brasil participou apenas como
observador. Isso por que, embora o Brasil tenha
assinado o documento ainda durante a presidência de
Michel Temer, o governo de Jair Bolsonaro tem se
recusado a submeter o acordo à ratificação do
Congresso Nacional.
Ao passo que o Brasil esteve no Chilena condição de
coadjuvante, boa parte da América Latina já se deu
conta que Escazú fornece uma oportunidade única de
lidar com três problemas centrais -a falta de
transparência em questões ambientais, a violência
contra os defensores do meio ambiente e a escassez de
investimentos sustentáveis.
Em Santiago, os países que ratificaram o texto