Clipping Revistas - Banco Central (2022-05-28)

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Banco Central do Brasil

Revista Veja/Nacional - Capa
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Reforma trabalhista

para a reunião em São Paulo, a comitiva do PSDB
recebeu a informação de que a desistência de Doria já
estava decidida. Ele começou a pensar seriamente na
renúncia na semana passada e no domingo 22 tomou a
decisão após um encontro decisivo com Rodrigo Garcia,
vice de Doria em 2018 e hoje governador.


Garcia já vinha deixando claro que a prioridade dele no
momento é cuidar de sua própria campanha de
reeleição ao Palácio dos Bandeirantes, empreitada que
enfrenta dificuldades devido à tentativa de
nacionalização das campanhas estaduais, de forma a
repetir com apadrinhados em nível regional o confronto
entre Lula e Bolsonaro. Apesar de ter migrado para o
PSDB a convite de Doria para virar o candidato dele à
sucessão em São Paulo, Garcia tenta mostrar na
campanha estadual que não é uma “cria” do ex-
governador e chegou a criticar publicamente a hipótese
aventada por Doria de procurar a Justiça para tentar se
manter como presidenciável do PSDB. A despeito da
enorme pressão para a renúncia, a intenção do ex-
governador em resistir deixou dúvidas até os últimos
minutos sobre o desfecho da confusão. “Ninguém
acreditava que ele abriria mão da candidatura”, afirma o
líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF).


A saída de Doria, contudo, não encerra a discussão no
partido, que adiou para a quinta 2 a reunião para discutir
o apoio a Tebet. Parte do tucanato, liderada pelo
deputado Aécio Neves (MG) e que boicotou o tempo
inteiro a intenção do ex-governador paulista, fala ainda
em lançar uma candidatura própria, sendo que os
nomes mais citados são os do senador Tasso Jereissati
(CE) e do ex-governador gaúcho Eduardo Leite — que
perdeu as prévias para Doria, mas ainda sonha em
voltar ao páreo. Na Executiva Nacional, no entanto, a
maioria quer embarcar na canoa de Tebet e indicar o
vice da chapa. A ala resistente defende a ideia de que,
para isso, seriam necessários um desempenho melhor
nas pesquisas e acordos para solucionar os palanques
nos estados em que as duas siglas têm pré-candidatos.


Outro problema é o prazo. A direção pressiona para que
o assunto seja encerrado logo, mas um grupo tenta
adiar a decisão até a convenção, entre julho e agosto.
Para alguns que defendem candidatura própria, porém,
será difícil o PSDB não apoiar Tebet. “Há consciência
de que muito se evoluiu com a Simone e que, portanto,
não é tão simples alterar o rumo desse entendimento”,
diz o deputado Paulo Abi-Ackel (MG), um dos maiores
aliados de Aécio Neves. Se isso ocorrer, será a primeira
vez que o PSDB será vice de um presidenciável do
MDB, partido do qual nasceu, em 1988, empunhando as
bandeiras da social-democracia e da ética na política.
Na única vez que estiveram juntos, em 2002, o PSDB
encabeçava a chapa, com José Serra, tendo a deputada
Rita Camata (ES) como vice. Também será a primeira
vez que o PSDB não terá um candidato próprio ao
Planalto.

Para os mais entusiasmados com a alternativa Tebet,
ela é uma candidata que tem o perfil para a difícil
missão de romper a polarização. A senadora se encaixa
nos quatro critérios apontados em estudos internos
como capazes de atrair eleitores indecisos ou dispostos
a mudar de voto. É uma cara nova, ao mesmo tempo
em que tem uma trajetória política (ou seja, não é uma
outsider), tem sensibilidade social (ideia que será
associada ao fato de ser mulher) e viveu dificuldades
que podem causar empatia. No caso, a narrativa é que
ela enfrentou o machismo do mundo político e ocupou
cargos importantes com pioneirismo (foi a primeira
mulher a presidir a poderosa CCJ do Senado, por
exemplo). “Ela se encaixa nessa moldura de valores
subjetivos”, diz o publicitário da campanha Felipe
Soutello, marqueteiro da senadora. Tebet também é
vista como alguém que pode manter unido o MDB, que
tem alas propensas a apoiar Bolsonaro ou Lula. Ela
ajuda ainda o partido a cumprir a regra que obriga a
destinar 30% do Fundo Eleitoral para campanhas
femininas. Por fim, mesmo que tenha 5% dos votos, já
será o suficiente para forçar Lula e Bolsonaro a negociar
o apoio do MDB em um segundo turno.

Nos movimentos de campanha dos últimos dias, Tebet
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