Clipping Revistas - Banco Central (2022-05-28)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Revista Veja/Nacional - Capa
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Reforma trabalhista

adicionou outro trunfo: a declaração de apoio de nomes
do empresariado como Candido Bracher, ex-presidente
do Itaú, Wolff Klabin, presidente do conselho da Klabin,
e o economista Armínio Fraga. O manifesto público foi
gestado num jantar promovido por Teresa Bracher em
sua casa em São Paulo em 28 de abril — quando Doria
ainda estava no páreo. “Eu venho do agronegócio e da
agroindústria. Como prefeita (de Três Lagoas, MS), fui
quem mais levou indústrias ao meu estado”, disse Tebet
a VEJA. No pronunciamento de quarta-feira, ela se
comprometeu com pautas liberais na economia, dizendo
que seu histórico mostra que foi a favor das reformas
trabalhista e da Previdência e do teto de gastos.


Senadora há sete anos, foi na CPI da Pandemia, em
2021, que Tebet, como líder da bancada feminina,
ganhou notoriedade suficiente para colocar o seu nome
no páreo presidencial. “Foi de grande importância, por
se aprofundar nos depoimentos e subtrair coisas
positivas dos depoentes”, lembra o senador Omar Aziz
(PSD-AM), que presidiu a comissão. Foi ela quem
convenceu o deputado Luis Miranda (Republicanos-DF)
a revelar que Bolsonaro lhe disse que a suposta
corrupção na compra da vacina Covaxin era “um rolo
desse Ricardo Barros”, líder do governo na Câmara.


Filha de Ramez Tebet, ex-governador de Mato Grosso
do Sul, presidente do Senado entre 2001 e 2003 e
ministro de FHC, Simone Tebet entrou para a política
em 2002 como deputada estadual. Em 2005, se tornou
a primeira prefeita de Três Lagoas, onde nasceu, e foi
reeleita com 76% dos votos. Deixou o mandato para ser
vice-governadora de André Puccinelli (MDB). Em 2014,
chegou ao Senado com 52% dos votos. Tentou por
duas vezes a presidência da Casa, mas acabou
preterida por Renan Calheiros (MDB-AL). Até hoje,
respondeu apenas a um processo por improbidade
administrativa enquanto prefeita, acusada de beneficiar
uma empresa que doou recursos a uma de suas
campanhas na licitação para revitalização de um
balneário, mas o Tribunal de Justiça extinguiu o
processo por prescrição. O marido de Tebet, o
pecuarista e deputado estadual Eduardo Rocha (MDB),


é secretário do governador Reinaldo Azambuja (PSDB),
que apoia Eduardo Riedel (PSDB) ao governo do
estado.

A complicada missão de Tebet é mostrar-se viável como
alternativa da terceira via, sendo que nomes com muito
mais peso do que ela fracassaram ao tentar trilhar esse
caminho. O centro político chegou a ter doze pré-
candidatos em meados do ano passado, mas muitos
caíram pela falta de perspectiva eleitoral — como o
presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD), que
mal conseguia pontuar nas pesquisas. Outros
sucumbiram, em parte, por seus próprios erros, caso do
ex-juiz Sergio Moro, que chegou a ter 10% de intenções
de voto, mas descobriu tardiamente que o partido
responsável pela candidatura, o Podemos, não tinha
recursos para bancar a empreitada. Para piorar a
situação, cinco meses depois, migrou para o rico União
Brasil, onde os caciques lhe fecharam a porta
presidencial. Doria também cometeu equívocos fatais,
sendo o principal deles confiar inicialmente sua
campanha ao presidente do PSDB, Bruno Araújo, que
nunca se mostrou simpático à candidatura do ex-
governador e atuou nas prévias a favor de Eduardo
Leite.

A fragmentação do centro é apontada como um dos
motivos para que ninguém conseguisse atrair eleitores
que não querem Lula nem Bolsonaro. “Não tem uma
imagem homogênea de um projeto da terceira via, então
não há como monopolizar esse eleitor”, afirma o
cientista político Rafael Cortez. Em paralelo, tanto Lula
quanto Bolsonaro, além de conseguirem cristalizar boa
parte de seus votos, vêm atuando para tirar o espaço da
terceira via, com gestos em direção ao centro, a
exemplo da escolha do ex-tucano Geraldo Alckmin para
ser o vice da chapa do petista. Nos bastidores, em outro
movimento, ambos os favoritos tentam avançar em
acordos com partidos de centro. A lista inclui MDB, PSD
e até o próprio PSDB, no qual uma ala passou a
defender o apoio a Lula já no primeiro turno.
Free download pdf