Banco Central do Brasil
Revista Veja SP/Nacional - Capa
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Pix
pois preciso treinar as novas equipes. Saio todos os
dias de Cotia e teve vez que não voltei para casa. Dormi
por aqui mesmo”, conta. A rotina só deve voltar à
normalidade quando os novos funcionários estiverem
adaptados. “Precisamos de gente que as pessoas daqui
conhecem, confiam.” PIX para doações:
[email protected]
Frase de gratidão batiza ONG Há 33 anos, em uma
noite fria de agosto, uma pessoa em situação de rua
que ficava na Amaral Gurgel, no centro, recebeu
donativos das mãos do funcionário público Antenor
Ferreira, 69. Agradeceu e disse: “Você é um anjo da
noite”. Kaká, como é mais conhecido pelos amigos, diz
que a frase não só ficou na sua cabeça como marcou
sua vida. Dias depois reuniu amigos, fizeram um sopão
para cerca de 100 pessoas e distribuíram na mesma
Amaral Gurgel. Repetiu a dose e decidiu se dedicar ao
voluntariado após o trabalho, fundando a ONG Anjos da
Noite. Hoje, o grupo conta com cerca de oitenta
pessoas que todos os sábados distribuem cerca de 800
refeições, além de kit de calçados, higiene e o que mais
conseguem arrecadar para pessoas em situação de rua
nas imediações da 25 de Março, Parque Dom Pedro II e
Sé. O frio intenso da segunda quinzena de maio o levou
a fazer doações extras à noite. PIX para doações:
67.637.231/0001-81
Solidariedade em família Ao ver pela TV a imagem do
aumento de pessoas em situação de rua na cidade, a
administradora de empresas Marilda Di Rienzo, 60,
ficou sensibilizada. Reuniu o marido, amigos, filhos e
começou, há um ano, a produzir e distribuir kits, que
incluem copo de leite com chocolate quente, bolo e
sanduíche, além de roupas e calçados. “Resolvemos
colocar a mão na massa e não paramos mais”, diz.
O grupo é pequeno, não tem nem nome, e todos os
envolvidos são de alguma forma ligados ao escritório de
contabilidade da família Di Rienzo, inclusive os
voluntários, funcionários da empresa. Cada um tem uma
função. Marilda e uma amiga recebem os donativos e
tiram do próprio bolso quando preciso. O patriarca da
família, Miguel, 73, faz as compras. O filho, o contador
Amauri, 37, ajuda na distribuição do que couber na
caçamba da caminhonete, em doações feitas
quinzenalmente. Os pontos de distribuição variam e
geralmente é para quem se encontra no trajeto. “É um
trabalho viciante e por mim faria toda semana”, afirma
Marilda.
Apoio aos imigrantes Principal porta de entrada para
parte dos imigrantes que desembarcam na metrópole
em busca de um emprego e uma vida melhor, a Missão
Paz, no Glicério, auxilia os estrangeiros com cursos,
obtenção de documentos, cestas básicas, entre outros.
Anualmente passam pelo local entre 8 000 e 9 000
pessoas. Além do pároco da Igreja Nossa Senhora da
Paz, o italiano Paolo Parisi, o espaço conta com a
atuação de seis médicos voluntários. Desde o início da
pandemia, os imigrantes mais vulneráveis que passam
por ali são os bolivianos, vindos ao país com a
promessa de empregos no ramo da costura. PIX para
doações: 62.806.682/0004-24
Das ruas para as ruas O homem com um crachá da
prefeitura preso ao pescoço, que conversa com
moradores de rua em uma das tendas instaladas pela
administração municipal, sabe bem o que a outra
pessoa fala e sente. Lucas Amaral, 29, assessor da
Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento
Social (Smads), já foi um deles. “Eu tive trajetórias de
rua há cinco anos. Fiquei seis meses e depois comecei
a trabalhar na secretaria”, conta o jovem, que foi
encarregado diretamente pelo chefe da pasta, Carlos
Bezerra Junior, a andar pelas frias madrugadas da
metrópole para verificar as condições dos equipamentos
temporários.
O padre na Kombi Um dos principais representantes do
povo em situação de rua, e com algumas ações
conjuntas com o xeque Rodrigo Jalloul, líder religioso
muçulmano, o padre Júlio Lancellotti saiu com sua
Kombi, de madrugada, tão logo os termômetros