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Banco Central do Brasil

Revista Carta Capital/Nacional - Colunistas
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

maioria. Estão em jogo aqui conceitos muito caros a
nós, como direitos e liberdades. Mas, quando se trata
de decidir se vacinas funcionam ou se o peso de um
avião é adequado para sua estrutura, tal raciocínio não
parece ser o mais adequado. Isso cria um enorme
problema para instituições e para quem decide as
políticas públicas.


CC: Como eles encaram a divulgação de fake news?


CEP : O problema que Baron e Ejnes levantam institui-
se quando alguém autorizado pela sociedade para
exercer medicina, que tem, portanto, acesso a corpos,
terapias, liberar ou proibir pessoas de trabalhar ou de ir
a debates, afirma que “crianças não transmitem Covid”
ou que “as vacinas não previnem mortes ou
hospitalizações”. Nesse caso, deixamos de lidar com
simples desacordos profissionais e passamos a falar de
erros e mentiras.


CC: A incerteza é parte inerente da medicina. Será que
alguém tem a verdade absoluta?


CEP: Médicos são acostumados a lidar, desde muito
cedo, com incertezas. Isso se deve ao fato de que a
todo momento são exigidas decisões. Operar ou não
operar. Tratar com esta ou com aquela medicação. Agir
ou não agir. Uma decisão, no momento em que é
tomada, não permite mais dúvidas, apenas compunção
ou contentamento quando erradas ou certas,
julgamentos que apenas ao tempo caberão. Transmitir
essas incertezas aos pacientes é sempre complicado,
mas o que é de fato lamentável é ceder ao desejo de
confortá-los com fantasias travestidas.


CC: Durante a pandemia, afirmações maliciosas,
enganosas, alcançaram níveis sem precedentes. Isso é
perigoso para a saúde pública.


CEP: Exatamente, no caso de afirmações que citei não
se trata apenas de alegações discutíveis. São respostas
totalmente erradas! Os autores do editorial defendem
que quem afirma tais coisas deveria perder sua licença
para exercer medicina nos EUA.

CC: E no Brasil?

CEP : No Brasil, algumas associações médicas tiveram
um papel omisso ou mesmo contrário à punição desse
tipo de desinformação. O Conselho Federal de Medicina
deixou a prescrição de drogas para o tratamento
precoce da Covid “a critério da autonomia dos médicos”,
mesmo já havendo evidências suficientes de que vários
componentes do chamado “Kit Covid” não funcionavam.
O presidente da República afirmou, na ONU, que essa
posição serviu de base para a adoção de políticas
públicas do País. Nesse caso, o problema com a
verdade fica bem exposto. São órgãos reguladores da
profissão médica que deixam de estabelecer critérios de
conduta. Aqui, além da pandemia, temos um verdadeiro
pandemônio de condutas. Tudo para deixar os
pacientes ainda mais inseguros e sem saber como
proceder.

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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