Clipping Revistas - Banco Central (2022-05-28)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Revista Exame/Nacional - Negócios
terça-feira, 24 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - B3

momento não poderia ser mais propício


Até pouco tempo atrás a imagem típica de um
supermercado do tipo atacarejo era de uma loja com
iluminação fraca, empilhadeiras com produtos largadas
pelos corredores, fardos imensos de caixas de leite,
pacotes de feijão ou latinhas de cerveja espalhados pelo
chão e aquela sensação de pouca variedade de marcas
no ambiente.


A depender da vontade do Assaí, segunda maior
bandeira de varejo dedicada ao atacarejo no Brasil, com
receitas de 45 bilhões de reais no ano passado, esse
jeitão ficou definitivamente no passado. Um bom
exemplo disso vem de uma das maiores lojas da rede,
localizada no bairro de Aricanduva, na zona leste de
São Paulo, com mais de 8.000 metros quadrados.


Ali, o cliente encontra corredores espaçosos como os de
um supermercado de bairro nobre. A lâmpada de fato
ilumina os rótulos dos produtos à venda. Uma cafeteria
permite um descanso em meio às compras. O
sortimento da loja chega a 9.000 produtos — 30%
acima do patamar de oito anos atrás. Nos momentos de
reposição com empilhadeira, o corredor inteiro é isolado
para evitar transtornos. A fila está grande? Os
atendentes têm um aparelho portátil para agilizar o
check-out já na fila. Faltou um item? O mesmo aparelho
rastreia o estoque em busca de opções para não deixar
o cliente na mão.


A loja do Aricanduva está longe de ser uma exceção no
Assaí. Na Barra da Tijuca, bairro nobre do Rio de
Janeiro, uma unidade aberta em dezembro do ano
passado vai além: ela também tem açougue com carnes
nobres, corredor de vinhos, empório de frios e seção de
importados. Na inauguração, o campeão de vendas foi o
uísque Blue Label Johnnie Walker — cada garrafa custa
750 reais.


Com essas melhorias, e uma ajudinha da inflação,
responsável por empurrar muitos consumidores de
classe média aos atacarejos antes procurados somente
por clientes com renda mais curta, esse tipo de varejo
focado em vendas promocionais, e o Assaí em
particular, tem ganhado cada vez mais espaço num
público mais abastado disposto a economizar sem abrir
mão de uma boa experiência de compra. “Quando
melhoramos a ambientação e ampliamos o sortimento
de produtos, conseguimos quebrar a barreira de
resistência das classes mais elevadas com o modelo do
atacarejo”, diz Belmiro Gomes, presidente do Assaí há
11 anos.

O avanço para atingir esse público ganhou um reforço
em outubro do ano passado com a compra pelo Assaí
de 70 pontos comerciais da bandeira Extra Hiper, até
então do Grupo Pão de Açúcar, num negócio de 5,2
bilhões de reais. Boa parte das unidades fica em bairros
adensados (e valorizados) de grandes capitais, onde
encontrar um terreno para erguer do zero um atacarejo
do tipo operado pelo Assaí seria missão quase
impossível. As lojas estão nesses locais há décadas.

Com isso, a rede ataca um dos maiores gargalos para o
avanço dos atacarejos entre o público de maior renda: a
localização. Após as conversões, o Assaí vai estrear em
bairros nobres, como os arredores do Aeroporto de
Congonhas, em São Paulo, e o Belvedere, em Belo
Horizonte. “Estamos avançando na última fronteira do
atacarejo, que não é o Amapá ou o Acre, e sim as
regiões mais adensadas das grandes capitais”, diz
Gomes.

O Assaí corre para fazer as conversões quanto antes.
Atualmente, são 40 unidades em obras, algumas delas
complexas. Apesar de os espaços já abrigarem
hipermercados, em tese uma operação parecida com a
de um atacarejo, a reforma exige mudanças estruturais
do chão ao teto. A maior delas é no reforço do piso.
Num atacarejo, o chão precisa suportar até 4 toneladas
de produtos por metro quadrado — quase quatro vezes
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