Uma 'cidade inteligente, rica e com novas ideias
Banco Central do Brasil
Jornal O Globo/Nacional - Economia
Sunday, May 29, 2022
Banco Central - Perfil 2 - Gestão Pública
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A inovação e a tecnologia sempre estiveram no DNA de
São José dos Campos, no Vale do Paraíba paulista.
Estão lá a Embraer e o Instituto Tecnológico de
Aeronáutica (ITA), e foi essa associação entre empresa
e academia num dos setores econômicos mais
avançados do mundo que colocou a cidade entre as 20
mais ricas do país. Aviões são fruto de alto
desenvolvimento industrial. A novidade é a incorporação
do uso da tecnologia à gestão pública.
Em março, São José, que fica a 98 quilômetros de São
Paulo, recebeu o título de Cidade Inteligente com base
em normas internacionais e análise de 279 indicadores.
No mundo, só 79 cidades ostentam essa condição.
- Não é só ter tecnologia. É fazer essa tecnologia
trabalhar para melhorar a vida dos cidadãos - diz o
prefeito, Anderson Farias (PSD).
Em mobilidade urbana, a cidade está implementando a
Linha Verde, um corredor com 20 quilômetros de
extensão, com 12 veículos elétricos, os VLPs, criados
pela chinesa BYD e pela brasileira Marcopolo. Eles têm
capacidade para 168 passageiros e rodam sem ruído ou
poluição.
A tecnologia também está ajudando a reduzir índices de
criminalidade e desmatamento na cidade. O Centro de
Segurança de Inteligência (CSI) é um sistema de mil
câmeras potentes que monitoram a cidade 24 horas, em
tempo real.
- São José apresenta (hoje) os menores indicadores de
criminalidade dos últimos 20 anos - diz Peter Ribeiro,
diretor do CSI.
Com a ajuda de satélites, a prefeitura consegue detectar
o desmatamento. Pela sobreposição de fotos, as
imagens apontam, por exemplo, corte de árvores em
áreas de preservação ambiental.
- E 85% dos serviços públicos da prefeitura estão
disponíveis através de aplicativos - diz o secretário de
Desenvolvimento Econômico, Alberto Marques Filho,
lembrando que a cidade tem uma Lei de Inovação que
estimula cidadãos a trazerem novidades para a
prefeitura. ROBÓTICA PARA INSPEÇÃO Outro polo de
incentivo à inovação é o Parque Tecnológico do
município. Reúne grandes empresas, start-ups,
institutos de pesquisa e inovação, universidades,
aceleradoras, além do cluster aeroespacial, que buscam
sinergia para o desenvolvimento de novas tecnologias e
negócios. Já são 330 empresas que se relacionam com
o parque. Há onze laboratórios de testes, e circulam por
ali 5 mil universitários e 2, 2 mil empregados.
Estão incubadas no parque start-ups como a Autaza,
formada por ex-alunos do ITA, que utiliza robótica para
detectar defeitos na carroceria de automóveis. O
sistema está sendo testado pela General Motors, dos
EUA. Já a Alta vê usa balões para fazer monitoramento
de eventos e leva o sinal de Wi-Fi para área remotas. A
empresa atuou na segurança das Olimpíadas do Rio,
em 2016.
- De cada quatro ideias que chegam aqui, três viram
negócios - diz Marques Filho. (J. S. N. )