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(Antfer) #1

Eliane Cantanhêde - Bolsonaro e pesquisas na berlinda


Banco Central do Brasil

Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Política
Sunday, May 29, 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Eliane Cantanhêde


O ex-presidente Lula já previa o resultado muito
favorável a ele na pesquisa Datafolha, mas o presidente
Jair Bolsonaro não tinha ideia das más notícias que
estavam a caminho. Lula tem chance de vencer no
primeiro turno e Bolsonaro, que parou de crescer,
empacou com rejeição alta, nível de confiança baixo e
pouca margem para reagir.


Lula já esperava bons dados porque Marcos Coimbra,
do Vox Populi, tinha feito um cruzamento das diferentes
pesquisas, com tendência favorável ao petista na
intenção de voto geral e em praticamente todos os
recortes: regional, gênero, rejeição...


Bolsonaro, que insiste em pregar para convertidos, foi
pego de surpresa. Os petistas ocuparam a internet nas
24 horas seguintes e os bolsonaristas, sempre ativos e
agressivos, se recolheram. Não tinham o que dizer.


No cruzamento do Vox Populi, o petista só perdia em
três pequenos Estados no Norte, mais Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Distrito Federal.


E veio o Datafolha: em 2018, Bolsonaro ganhou do PT
em todas as regiões, menos no Nordeste, e agora está
perdendo em todas, exceto o Centro Oeste, onde tem
uma vantagem de apenas dois pontos.

No Sudeste, que reúne 43% do eleitorado nacional, está
42% a 29% a favor de Lula, com boa diferença em
Minas. Diz a lenda, e a realidade confirma, que só se
elege presidente quem ganha em Minas. E no Sul, com
15% dos eleitores do País, está 47% a 30% para Lula.
Uma surpresa, que neutraliza uma debandada de MDB
e PSDB para Bolsonaro.

O presidente não ouve ninguém e acha que seus
grupos da internet são 'o povo'. Não são. Primeiro,
calou, cancelando, inclusive, a live da quinta-feira.
Depois, articulou um ataque às pesquisas e botou a
máquina para funcionar. Ou terão sido coincidências a
bandeira verde para a energia e o corte de R$ 12
bilhões do orçamento para o aumento do
funcionalismo? Porém, a máquina, ou arsenal do
governo, não faz milagre, ainda mais com inflação
galopante. Dos que recebem o Auxílio Brasil, novo
Bolsa Família, 59% apoiam Lula e só 20%, Bolsonaro.
Estão com Lula, majoritariamente, as mulheres, os que
ganham até 5 salários mínimos e os que têm até ensino
fundamental, o grosso do eleitorado.

Para compensar, Bolsonaro teria de ter, por exemplo,
grande margem entre os evangélicos, mas deu 39%
para ele e 36% para Lula, e entre empresários, 56% a
23%. Parece muito, mas quase 1/4 do empresariado
com Lula? Não é trivial.

Como efeito colateral, crescem a pressão sobre Ciro
Gomes e a ameaça a Simone Tebet bem na decolagem.
Agora, é esperar o ataque bolsonarista às pesquisas. O
Planalto está trabalhando intensamente nisso.

Bolsonaro parou de crescer, com rejeição alta,
confiança baixa e pouca margem para reagir

COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO, DA RÁDIO
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