Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-29)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Folhamais
Sunday, May 29, 2022
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

preços de energia mais altos e não por uma economia
superaquecida, e suas origens podem ser traçadas
diretamente à invasão da Ucrânia pela Rússia.


Infelizmente para a União Europeia, compreendera
causa dos problemas da Europa não torna suas
consequências menos graves. Com inflação anualizada
de 7, 4% em abril, os preços da zona do euro estão
crescendo muito mais rápido do que a renda de seus
cidadãos, o que abala os padrões de vida e limitará o
consumo e a recuperação da pandemia. Previsões da
Comissão Europeia trouxeram números muito reduzidos
e implicam que haverá estagnação no segundo
trimestre de 2022.


A Comissão espera que a economia supere esse
período difícil e volte a um crescimento razoável de
cerca de meio ponto percentual por trimestre, a partir do
trimestre que vem, mas muitos economistas do setor
privado acreditam que os efeitos sobre a renda pessoal
serão mais duradouros. Christian Schulz, economista do
Citigroup, afirmou que as projeções oficiais parecem ser
otimistas demais e que é mais provável que o
crescimento 'seja virtualmente zero pelo resto do ano'.


Se a dificuldade da Europa é se ajustar a preços muito
mais altos para a energia, em países muito mais pobres
a tarefa, ainda mais difícil, é a de lidar com a rápida alta
nos preços dos alimentos, que respondem por mais de
30% do consumo nas economias emergentes.


Com os portos do Mar Negro, usados pela Ucrânia para
exportar grãos, fechados, o medo de uma crise
alimentícia ainda este ano está crescendo. António
Guterres, secretário geral da ONU, declarou que o
conflito na Ucrânia, que veio a se somar a pressões
existentes sobre os preços dos alimentos, 'ameaça
lançar dezenas de milhões de pessoas à insegurança
alimentar, escassez maciça de alimentos e ondas de
fome'.


O Sri Lanka, que enfrenta Outras crises políticas e
econômicas, serve como exemplo das escolhas difíceis
que muitos dos países mais pobres do planeta
enfrentam. Seu governo decidiu por um calote na dívida


externa do país, o primeiro de sua história.

As autoridades afirmaram que isso era necessário por
que precisam de suas reservas em moeda forte para
importar comida, combustível e remédios.

A Índia, enquanto isso, intensificou os problemas das
demais economias emergentes ao abandonar sua
promessa de não proibir exportações de grãos, esta
semana. Os preços do trigo voltaram a subir, e sua alta
já atinge mais de 60% este ano.

Naturalmente, à medida que crescem os riscos de
recessão, a melhor notícia para a economia mundial
seria uma retirada russa da Ucrânia e o fim da
estratégia chinesa de Covid zero. Não é algo que os
ministros da Economia e autoridades econômicas de
outros países possam decretar, e por isso eles uma vez
mais terão de fazer a sintonia fina de suas respostas às
situações difíceis que enfrentam.

Na Europa e nas economias emergentes, isso
envolveria aliviar as consequências da alta dos preços
da comida e energia -com aumentos nos benefícios e
subsídios para a comida e energia em países que
tenham finanças públicas fortes o bastante para isso.
Os Estados Unidos e o Reino Unido podem acelerar o
ciclo de aperto a política monetária, e a China buscará
limitar os efeitos negativos da onda da variante ômicron
no país.

A posição da maioria dos economistas é de que a
defesa contra a recessão mundial sairá vitoriosa em
2022, apesar de tudo. Mas eles começam a fazer
apostas mais cautelosas, diante das más notícias
ininterruptas.

Innes McFee, economista chefe internacional da Oxford
Economics, disse que há pouca dúvida de que a
expansão econômica mundial está perto do pico, que
ela está se desacelerando e que as autoridades terão
de calcular a dose de aperto necessária. Mas, segundo
ele, uma recessão continua improvável, por enquanto,
porque as autoridades ainda dispõem de ferramentas
para oferecer apoio e estimular a economia se as coisas
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