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Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
Sunday, May 29, 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autor: Joana Cunha
Raphael Vicente
Ainda temos dificuldade de compreender o que é
racismo no Brasil
A morte de Genivaldo Santos, asfixiado em uma viatura
em Sergipe, repercutiu no exterior com analogias a
George Floyd assassinado em Minnesota em 2020. Na
época, em meio aos protestos de rua, uma série de
presidentes de empresas escreveu cartas públicas para
apoiar o movimento contra o racismo e a violência
policial.
Por aqui, no entanto, as manifestações não devem se
repetir, segundo as expectativas de Raphael Vicente,
diretor da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial,
que reúne grandes companhias em torno do tema.
"Acho difícil qualquer movimento no Brasil ser próximo
do que aconteceu no caso George Floyd", diz.
O assassinato na viatura da Polícia Rodoviária Federal
em Sergipe nesta semana foi comparado, no exterior, a
George Floyd. Naquele caso, uma série de presidentes
de empresas, de big techs a bancos de Wall Street,
divulgou posicionamentos contra o racismo e a violência
policial. Esse novo caso no Brasil tem potencial para
gerar essa onda de manifestações corporativas??Acho
muito difícil qualquer movimento no Brasil ser próximo
do que aconteceu no caso George Floyd. A gente ainda
tem muita dificuldade em compreender, até pelo nosso
histórico, o que é e como funciona o racismo no tecido
social.
É só ouvir a argumentação dos que defendem a atitude
da polícia. É a velha história: atribuem a problema
social, econômico, de violência, de segurança, mas não
a um problema racial. Quando não se compreende isso,
fica difícil.
Se o caso George Floyd tivesse acontecido no Brasil,
não teria havido aquela repercussão. Como não tem
com tantos casos semelhantes. O que chegou mais
próximo foi o do João Alberto, no Carrefour. Criança
morta dentro de casa por ação da polícia não gera
aquela comoção.
Por que é tão importante ter um movimento antirracista
partindo do mundo corporativo??Porque é preciso ter
tomada de decisão, ter posicionamento. O poder público
tem obrigação de se mobilizar. A iniciativa privada tem a
responsabilidade, mas não a obrigação legal de se
manifestar. Mas quando eles se manifestam com aquela
veemência é porque houve uma compreensão de que
há um problema social e que atinge inclusive os
negócios.
Então, todos têm que se movimentar para produzir
soluções. Quando se compreende isso como uma
questão de negócio, de imagem, de sustentabilidade,
quando se compreende que essas distorções sociais
causam distorções no negócio a médio e longo prazo, aí
vem a manifestação.
O assassinato de João Alberto, espancado por