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AERO RESPONDE
P
elo lado interpessoal,
proprietários de aeronaves
e pilotos devem ter empatia
mútua, pois convivem no
dia a dia de maneira muito próxima.
O tripulante participa, ainda que
involuntariamente, da intimidade
familiar e profissional dos passa-
geiros que transporta. No caso de
pilotos de helicóptero, o convívio
pode acontecer dentro de casa ou
da companhia (helicópteros podem
pousar em residências ou empresas).
Com pilotos de avião, a situação
é diferente. Como só operam em
aeroporto, eles tendem a manter
certa distância e a interação cos-
tuma ser por telefone, não sob um
mesmo teto, ainda que haja alguma
proximidade durante o voo em si,
sobretudo durante embarques e
desembarques.
Em ambos os casos, é desejável
que seu tripulante mantenha o
profissionalismo e tenha o devido
discernimento ao presenciar situa-
ções pessoais ou profissionais de
passageiros como discussões entre
marido e mulher, brigas de filhos,
fechamento de negócios, discussões
COMO CONTR ATO
MEU PILOTO?
confidenciais e assim por diante.
Um erro comum que opera-
dores cometem é a contratação
de pilotos já habilitados para
determinado equipamento para
economizar com treinamentos
e simuladores de voo. Nesse
caso, você está contratando uma
carteira e não um profissional.
Assim, se o perfil do piloto não
for devidamente avaliado, no
limite, sua decisão poderá estar
colocando a operação em risco.
CABINE E HORAS DE VOO
A contratação de tripulan-
tes para compor uma cabine
que terá dois pilotos também
deve levar em consideração o
relacionamento interpessoal no
cockpit. Isso porque haverá a
bordo uma divisão de funções
e, caso entrem em conflito e
discutam durante o voo, todos
estarão em risco.
Há casos relatados de pilotos
que chegaram às vias de fato em
pleno voo e isso é realmente uma
situação crítica. Não se trata de
contratar grandes amigos para
voarem juntos, mas, sim, identificar
profissionais que saibam suas fun-
ções a bordo, respeitem a hierarquia
determinada pelo operador e jamais
coloquem o voo em risco.
Outro aspecto que pode levar
a contratações ruins é se impres-
sionar com currículos em que o
profissional alega ter milhares de
horas voadas nas mais diferentes
situações. Como diz um famoso
escritor americano, pouco impor-
tam as horas que se passaram, o
que faz a diferença é a próxima
hora. Ou seja, de nada adianta
possuir milhares de horas de voo se
o piloto contratado como coman-
dante, por exemplo, não possuir
atitude compatível. Muitas vezes, o
perfil pessoal do profissional é mais
relevante para liderar do que apenas
“horas de voo”.
Em suma, não existe uma fórmu-
la definida para se contratar, mas ava-
liar fatores pessoais de cada tripulan-
te, a experiência que possuem, se têm
atitudes compatíveis com a função a
ser exercida a bordo e se há empatia
entre tripulantes e passageiros
já é um bom caminho.
Uma das mais complexas situações de uma operação aérea costuma
ser admitir tripulantes, sobretudo na aviação privada