24 wJANEIRO DE 2019 wVOCÊ S/A
FINANÇAS
E eu com isso?
A esta altura, já deu para notar que 2019 será um ano
peculiar do ponto de vista político e econômico, o que
exigirá dos indivíduos uma atenção extra, sobretudo
ao planejar o orçamento pessoal.
Para início de conversa, convém observar para onde
ovento sopra, sobretudo nos 100 primeiros dias do
governo, quando muitas decisões serão anunciadas.
Nesse período, até o começo de abril, a recomendação
dos experts é que as pessoas evitem mudanças bruscas
na carteira de investimentos e adiem compras gran-
des, como de carro ou de imóvel. “É crucial não fazer
movimento determinante até que tudo esteja mais
bem compreendido”, orienta André Novaes, planejador
financeiro na consultoria Life Finanças Pessoais.
Recomenda-se, por exemplo, ficar de olho na reforma
da Previdência: se ela for aprovada nos próximos três
meses, a renda variável será uma opção interessante.
Isso porque muitas companhias brasileiras de capital
aberto vão se beneficiar com o clima de euforia pro-
vocado pelo novo modelo previdenciário.
A expectativa dos analistas é que a bolsa de valores
tenha altas fortes em 2019. Projeções da XP, maior
corretora de investimentos do país, mostram que o Ibo-
vespa poderá chegar a 125 000 pontos, ante 90 000 no
final de 2018. “Investir em ações será um bom negócio,
principalmente nos setores de infraestrutura, varejo e
bancos, que devem ser os mais beneficiados”, afirma
Júlio Hegedus Netto, economista-chefe da consultoria
de investimentos Lopes Filho & Associados.
Já Marcia Dessen, diretora da Associação Brasileira
de Planejadores Financeiros (Planejar), pede caute-
la. “Títulos de renda fixa precisam representar pelo
menos metade da carteira de um investidor, por ser
mais seguros.” Outro cuidado essencial é acompanhar
as oscilações da Selic, taxa básica de juro que baliza
títulos como Tesouro Direto e CDBs. Se ela cair, a ren-
tabilidade da renda fixa diminui também. Outro efeito
da queda dos juros é a inflação — com juros menores, a
população consome mais, o que puxa alguns preços para
cima. Mas não há previsão de que a Selic despenque.
Depois de atingir a mínima histórica de 6,5% em 2018,
a projeção é que agora fique em torno de 8%. O segredo
para obter rendimentos fora da curva, portanto, será
fazer escolhas financeiras mais inteligentes. Veja como
conseguir isso em quatro etapas certeiras.
ORGANIZAR
O ORÇAMENTO
1
A
lição mais valiosa
a ser tirada das
dificuldades
econômicas dos últimos
três anos é sobre a impor-
tância de ter as contas
em dia, com um valor
guardado para enfrentar
revezes. A empreende-
dora Sabrina Cardoso, de
28 anos, sentiu na pele a
falta que faz um colchão
de segurança. Em agosto
de 2016, ela deixou um
emprego tradicional como
designer numa empresa
do setor têxtil para atuar
em seu próprio negócio,
uma hamburgueria arte-
sanal itinerante no Rio de
Janeiro. Com a intensifi-
cação da crise no estado
fluminense, o empreen-
dimento passou a sofrer
queda de vendas nos
eventos de rua, que são o
carro-chefe do negócio.
Sem uma reserva fi-
nanceira, Sabrina teve de
desengavetar o diploma
de designer e voltou a
atuar como autônoma em
- “Parei de tirar pró-
-labore na hamburgueria
e comecei a me virar com
frilas enquanto recupero
meu negócio”, diz. Para
enxugar despesas, ela
ainda antecipou a união
estável com o namorado,
oque permitiu entrar
como dependente no
plano de saúde empre-
sarial dele, que trabalha
em regime de CLT numa
companhia de tecnologia.
Em setembro, Sabrina
cancelou o cartão de
crédito e passou a econo-
mizar cerca de 400 reais
por mês. “Quando olhava
a fatura, tinha investi-
do em roupas que não
precisava, andado demais
de Uber ou comprado
livros que não leria por
falta de tempo”, lembra.
No momento, Sabrina
procura um apartamento
que comporte a cozinha
de sua hamburgueria,
que hoje funciona em um
imóvel alugado só para
isso. Segundo planejado-