Você SA - Edição 248 (2019-01)

(Antfer) #1

FOTO: GERMANO LÜDERS ILUSTRAÇÃO: MARCOS MÜLLER VOCÊ S/A wJANEIRO DE 2019 w 71


que tem mais de uma década de
experiência em recursos humanos.
O interessante é que, como tudo na
vida, existem gradações em todos nós
— e dá para ter um pouco de ambos
os estilos. “É possível alternar entre
os dois perfis até num mesmo dia. Por
exemplo, uma pessoa pode funcionar
de acordo com o relógio durante o
expediente e, depois disso, conversar
com o namorado ou com a namorada
sem impor um horário para o papo
terminar”, diz Anne-Laure.


Juntos e misturados
Alguns estudos analisados pelas
pesquisadoras de fato sugerem que
a maneira como as pessoas encaram
o tempo e ajustam a rotina é cultu-
ral. Entretanto, outros mostram que
a escolha de estilo de planejamento
é consciente — ou seja, uma escolha
individual que tem a ver com per-
sonalidade, momento da vida e en-
tendimento do que funciona melhor
para cada um de nós.
Charles Vatin, por exemplo, não
agiu sempre como um “cronômetro de
eventos” — ele já se esforçou para vi-
ver de acordo com os ponteiros. “Du-
rante um tempo, tentei estabelecer
horários para minha rotina. Mas meu
dia é muito dinâmico e sempre sur-
gem imprevistos, como uma reunião
com um cliente ou uma mudança num
projeto. Passava mais tempo arruman-
do meu cronograma do que fazendo o
que precisava fazer”, explica.
Assim como Charles, a maior parte
das pessoas prefere se orientar pelas
tarefas que precisa executar, segundo
o estudo de Anne-Laure e Tamar. O
problema é que, no mundo do traba-
lho, a organização ainda é feita mais
com base nos ponteiros do que nas
atividades. “A maioria dos chefes pro-
vavelmente são cronômetros de reló-
gio. Se não são, acabam se tornando,
pois costumam ter uma agenda para
cumprir e, por isso, dificilmente po-
dem se guiar pelos eventos”, diz Anne-


-Laure. No entanto, quando os líderes
conseguem romper essa barreira, cos-
tumam ficar mais satisfeitos consigo
mesmos, de acordo com o artigo da
dupla de pesquisadoras. Os CEOs da
área de tecnologia entrevistados
por elas disseram que, quanto mais
se portavam como “cronômetros de
eventos”, mais se sentiam confiantes
sobre suas habilidades de liderança.

O lado bom é que, atualmente,
há valorização de profissionais com
pensamentos diferentes trabalhando
juntos — desde que as entregas se-
jam feitas. “A equipe ideal é compos-
ta por pessoas dos dois perfis. Assim,
pode- se evitar tanto a rigidez quanto
os atrasos”, diz a psicóloga Erica. Ou
seja, vale colocar um pouco de ordem
no caos — e vice-versa.

Charles Vatin, arquiteto de soluções digitais da Keyrus: lista de tarefas atualizada diariamente
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