Você SA - Edição 248 (2019-01)

(Antfer) #1

V


ocê já deve ter notado que existe um
número enorme de artigos falando so-
bre a relevância das soft skills (como
são conhecidas as habilidades compor-
tamentais) para se desenvolver num
mundo em cons-
tante transforma-
ção, como este em
que vivemos atualmente.
Essas habilidades, que podemos
chamar de interpessoais, são parte
importante do perfil do líder mo-
derno, daquele que trabalha na or-
ganização exponencial, que torna
ágeis as relações em seu perímetro
e que sabe tratar as pessoas com
dignidade e respeito.
O profissional que forma alianças,
que transmite empatia, que é íntegro,
sem dúvida terá um desenvolvimento
acelerado da carreira. Mas ele só con-
quistará isso se conseguir entender
que não pode cometer injustiças — e
que o objetivo das soft skills não é
ganhar um concurso de popularidade
para ser escolhido o Papai Noel da
festa de Natal da firma.
É por isso que neste artigo, que inaugura 2019, quero
discutir sobre os limites das habilidades comporta-
mentais — principalmente para os profissionais que
estão em uma posição de gestão.
Um líder não precisa ter a obrigação de agradar a todo
mundo. Os seus papéis, na realidade, são discordar da-
queles que estão tendo atitudes disfuncionais; ser forte
com os que deixam de respeitar os valores corporativos;
e contradizer os colegas que entrarem em uma discussão
sem argumentos objetivos para resolver um problema,
apenas porque querem mostrar que estão com a razão.

As competências comportamentais são importantes para o desenvolvimento da liderança.
Mas é preciso tomar cuidado para não usá-las em prol de uma popularidade vazia

Empáticos, mas justos


LUIZ CARLOS CABRERA
ESCREVE SOBRE
CARREIRA, É PROFESSOR
NA EAESP-FGV E DIRETOR
NA PMC - PANELLI MOTTA
CABRERA & ASSOCIADOS

Tratar igualitariamente os funcionários que atrapalham
o processo de trabalho e os opositores sem argumentos,
simplesmente para construir e manter uma imagem de
“bonzinho”, só vai macular sua posição de liderança.
O resultado para esse gestor será a perda do respei-
to de sua equipe e também de seus
apoiadores. Agindo assim, ele fará
com que os grupos que sempre esti-
veram a seu lado fiquem frustrados
com uma atitude como essa.
Um líder deve ser duro com quem
precisa de limites, forte com aqueles
que estão se desviando da trajetória
ética e implacável com quem violenta
os valores. Essas, sim, são atitudes
soft da melhor qualidade, que trazem
resultados excelentes para quem as
pratica e, consequentemente, para
todo o grupo a seu redor.
Ser soft de verdade não é ser mole,
nem conivente, menos ainda con-
descendente. Ser um líder soft é se
transformar em um ser humano de
primeira qualidade. E quem é assim
se torna especialmente admirado e
respeitado por todos.

“Seja duro com


quem precisa


de limites, forte


com quem está


se desviando da


trajetória ética e


implacável com


quem violenta


os valores”


VOCÊ S/A wJANEIRO DE 2019 w 81
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