se sentem isolados do mundo tendem a
dormir menos, se alimentar mal, abusar do
álcool e levar uma vida sedentária.
Por não se tratar de uma doença em si,
não existe vacina ou remédio para a solidão.
Existem, porém, medidas eficazes para mini-
mizá-la e reduzir suas influências na saúde.
Isso envolve desde tarefas simples, como fa-
zer um favor a algém, a atitudes que deman-
dam mais tempo e atenção, como exercer
trabalho voluntário. A prática de exercícios e
a adoção de um animal também costumam
dar bons resultados. Outro conselho é enga-
jar-se, aos poucos, em atividades sociais, seja
num clube de leitura, seja na academia do
prédio. “A interação social tem que ser posi-
tiva para ambas as partes. Ao puxar assunto,
priorize temas agradáveis. Falar sobre impos-
tos ou doenças pode não ser uma boa ideia”,
aconselha Stephanie Cacioppo.
Na hora de fazer amigos, dê preferência
aos de carne e osso. Um experimento da
Universidade da Pensilvânia, nos Estados
Unidos, indica que, em vez de resolver o pro-
blema, o uso excessivo de redes sociais pode
até agravá-lo. A psicóloga Melissa Hunt che-
gou a tal conclusão após entrevistar 143 estu-
dantes da instituição onde dá aula. Durante
três semanas, parte dos voluntários limitou
seu tempo de uso de Facebook e afins a dez
minutos por dia. Enquanto isso, o restante
da turma continuou a acessá-los à vontade.
Terminado o experimento, adivinhe qual
grupo se queixou mais de solidão. Sim, o que
ficou livre e desimpedido para mergulhar nas
mídias sociais. “Fazer amigos virtuais não é a
melhor estratégia para enfrentar o isolamen-
to. Sugiro sair da frente do computador e inte-
ragir com pessoas do mundo real”, recomen-
da Melissa. “Somos animais sociais e, como
tal, precisamos nos conectar com outros para
manter o bem-estar físico, mental e emocio-
nal”, defende a pesquisadora. Não é preciso
forçar a barra nem acabar com os momentos
a sós. Mas, se a solidão começar a bater, que
tal convidar aquele amigo que você não vê há
tempos para tomar um café?
um tempo só com você mesmo”, afirma o psicólogo
Gregory Feist, da Universidade Estadual de San Jose, nos
Estados Unidos. Outra vantagem do que alguns chamam
de “solitude”, como o historiador Leandro Karnal, é o
recolhimento e a introspecção. “De vez em quando, estar
só traz alívio contra o estresse”, reforça a psicóloga Julie
Bowker, da americana Universidade de Buffalo.
SAÚDE É VITAL • JANEIRO 2019 • 53