informações e conectados
por redes sociais muitas
vezes nocivas. Tudo isso
nos taz ansiedade. Mas,
para a psicóloga Kelly Mc-
Gonial, autora de O Lado
Bom do Estresse (Editora
Réptl, 2012), não devemos
enxergá-la sempre como
inimiga. A exposição crô-
nica a situações estres-
santes derruba o sistema
imunológico e predispõe a
doenças cardiovasculares.
Por outo lado, a resposta
do organismo ao estesse
libera ocitocina, hormônio
que estmula os instntos
sociais – e nos faz buscar
apoio das pessoas com
quem nos importamos.
“Quando a vida fica difí-
cil, a resposta biológica ao
estesse incentva você a
contar a alguém como se
sente, em vez de guardar
isso para si”, diz McGonial.
O estesse pode nos tornar
mais sociáveis.
E é importante respon-
der a esse chamado do cor-
po. O apoio alheio, quando
acontece, aumenta ainda
mais a carga de ocitoci-
na. E ela taz benefícios
físicos. Ajuda a relaxar os
vasos sanguíneos e rege-
nerar células cardíacas da-
nificadas. Torna a resposta
ao estesse mais saudável,
e você se recupera mais ra-
pidamente. “Ao longo de
uma vida estessante”, diz
McGonial, “essa mudança
poderia fazer a diferença
ente ter um ataque cardí-
aco aos 50 anos ou viver
bem até os 90.”
Isso não é mera hipó-
tese. Pesquisadores da
Universidade de Buffalo,
no Estado de Nova York,
perguntaram a quase 850
voluntários o nível de
estesse que haviam en-
frentado no ano anterior e
quanto tempo dedicaram
a ajudar pessoas. Passados
cinco anos, descobriram
que o risco de morte era
30% maior ente os mais
estressados. Mas havia
uma exceção. Os indiví-
duos que passavam por
muito estesse, mas aju-
davam outas pessoas, não
apresentaram aumento de
risco. Sim: ajudar faz tão
bem quanto ser ajudado.
Não há como fugir
da ansiedade. Ela é uma
adaptação evolutva que
permanecerá em nossos
genes, independentemente
da prosperidade e da se-
gurança da sociedade em
que vivermos. Contnuará
nos ajudando a sobreviver
- e, ao mesmo tempo, en-
xergar ameaças onde elas
não existem. Mas é possí-
vel compensar seus efei-
tos negatvos. A chave é
nos aproximar das outas
pessoas, pedindo ou ofere-
cendo apoio. Mais do que
de Rivotril, precisamos
viver juntos. S
Pensamento Acelerado
(SPA). “Qualquer leigo
sabe que uma máquina
não pode trabalhar em
alta rotação continua-
mente, pois corre risco de
aumentar sua temperatra
e fundir suas peças. Mas
é quase inacreditável que
nós não tenhamos a mí-
nima consciência de que
pensar exageradamente e
sem nenhum autoconto-
le é uma fonte de esgota-
mento mental”, escreve
Cury no livro Ansiedade:
como enfrentar o mal do
século (Editora Benvirá,
2017). Ele continua: “A
aceleração do pensamen-
to, mesmo se seu conteú-
do for positvo, gera um
desgaste cerebral intenso,
produzindo ansiedade.
Não precisamos ter tdo
uma infância doente para
sermos adultos ansiosos;
basta uma mente hipera-
celerada”, afirma.
Praticamente todo
mundo já acordou cansado
porque gastou muita ener-
gia se preocupando duran-
te a noite. Teve sintomas
físicos porque o cérebro,
quando fica exaurido, en-
via alertas como dores de
cabeça e nos músculos.
Todo mundo já ficou mais
esquecido, porque, quan-
do não sabemos gerenciar
nossos pensamentos, o
cérebro bloqueia certos
elementos da memória.
“Uma pessoa muito es-
tessada e com SPA pode
gastar mais energia do que
dez tabalhadores braçais”,
diz Cury. “Sábio é quem
faz muito gastando pouca
energia.”
Vivemos distantes de
nosso habitat natral, em
cidades impessoais e vio-
lentas, bombardeados por
de insegurança, baixa
autoestima e busca de
perfeccionismo, que po-
dem se manifestar como
tanstorno de ansiedade”,
concluiu a pesquisa. Nela,
os entevistados avaliaram
o impacto de cinco mídias
sobre a saúde e o bem- es-
tar. Usuários relataram que
Instagram, Snapchat, Fa-
cebook e Twitter tnham
impacto negativo sobre
ansiedade, depressão, so-
lidão, falta de sono, ima-
gem do corpo, bullying e
FoMO. Das plataformas
avaliadas, o YouTube foi
a única a produzir um
impacto positvo.
Embora seja apenas
uma pesquisa de opinião,
o resultado encontra
respaldo em um núme-
ro crescente de estudos
científicos. Um estdo da
Universidade de Glasgow
identificou que os ado-
lescentes que mais usam
mídia social dormem pior,
têm autoestma mais baixa
e níveis mais altos de an-
siedade e depressão.
Pensamento
acelerado
O excesso de informação
a que estamos expostos
tem acelerado a velocida-
de com que constuímos
nossos pensamentos. Es-
sa hiperconstução é tão
intensa que, quando não
conseguimos gerenciá-la,
acabamos tansformando
nossa ansiedade positva
naquela negatva, que nos
asfixia. Sofremos desgas-
te mental, com conse-
quências para o futuro
profissional, emocional e
social. É o que o psiquia-
ta Augusto Cury, autor
de vários best-sellers,
batzou de Síndrome do
A ansiedade
surgiu como
um meca-
nismo para
evitar ser
comido por
predadores.
No mundo
moderno,
eles não
existem.
Mas a
mente cria
outras
fontes de
apreensão,
como o
trabalho.
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