Em um artigo de 2006 (que ainda é uma importante
referência sobre o assunto) publicado no Journal of
Consumer Research, os pesquisadores Ran Kivetz e
Anat Keinan afirmam que temos a tendência de con-
denar as decisões que só enxergam o prazer imediato
sem levar em conta as consequências futuras. Outro
ponto é que essa condenação é efêmera: a longo pra-
zo (depois de um ano, aproximadamente), consideran-
do a decisão que nos pareceu sábia, o que prevale-
ce é o arrependimento por ter perdido uma ocasião e
agido segundo nosso impulso ou desejo.
Kivetz e Keinan re-
correm a uma “me-
táfora óptica”: nossos
impulsos são míopes,
conseguem ver apenas
a satisfação imediata,
mas cultivamos a ideia
de que é correto agir
como hipermetropes,
deixando de fazer o
que queremos, e focan-
do nas consequências. De imediato podemos até ficar
satisfeitos com nosso autocontrole, mas com o passar
do tempo lamentamos não termos agido como gos-
taríamos. Segundo os pesquisadores, o que acontece
é que, a longo prazo, os atos passados são integrados
numa visão mais ampla e, nesse conjunto, muitas vezes
acabamos por lamentar as experiências não vividas.
(Leia mais sobre o tema nas págs. seguintes.)
capa • arrependimento
Pesquisadores usam
uma “metáfora
óptica”; nossos
impulsos têm
“visão curta”, são
imediatistas, já a
noção do que seria
correto “enxerga”
mais longe