Fusca & Cia - Edição 130 (2019-01)

(Antfer) #1

EM 1975, O


LAVADOR DE


PRESSÃO PASSOU


A SER ACIONADO


PELO MOTORISTA


COM O PÉ


ESQUERDO


originais e paralelas oferece
diversos modelos de bicos
ejetores para proprietários de
Fusca. Ao contrário do que
muitos possam imaginar, o
modelo pioneiro sextavado
não é tão difícil de ser en-
contrado, tampouco é o mais
caro. “Como a demanda é
pequena, uma peça em boas
condições sai em média por
R$ 40”, analisa o colecionador
paulistano. O mais raro, na
verdade, é o brucutu usado de
1965 a 1969. “Existem várias

réplicas (foto 11), de boa e má
qualidade, mas um compo-
nente original de época é uma
verdadeira mosca branca”,
conta Reynaldo, que já chegou
a pagar R$ 300 num compo-
nente sem uso.
Devido ao curto período, o
bico plástico cinza também é
raro e valorizado no mercado,
com valor entre R$ 100 e R$


  1. “Já a versão de plásti-
    co preto é bastante comum,
    ficando na casa dos R$ 50”,
    avalia o colecionador.


10 11


Esqueça a febre dos rádios, do combustível e até mesmo a atual
predileção dos bandidos pelo estepe. Em meados da década de
1960, a peça mais furtada em automóveis brasileiros era o bico
ejetor de água para limpeza do para-brisa do Volkswagen Sedan.
Os meliantes? Adolescentes embalados por uma febre que tomou
conta do País na ocasião: a “brucutumania”.
Tudo começou com a letra de uma música cantada por Rober-
to Carlos, na época o maior expoente do movimento da Jovem
Guarda. A canção falava do personagem Brucutu, como ficou
conhecido por aqui o homem das cavernas Alley Oop, criado pelo
cartunista americano Vincent Thomas Hamlin na década de 1930.
Enquanto arrumava o microfone em seus shows, Roberto Carlos
exibia mãos repletas de anéis cujo formato lembravam o bico
ejetor do Fusca. Daí foi um pulo para os jovens tomarem a peça
do carro como bijuteria e a batizarem como brucutu.
Na ocasião, uma pesquisa apontou que noventa de cada cem besouros
já haviam tido o bico ejetor furtado ao menos uma vez! E as empresas
fornecedoras do componente para a VW por muitos meses não conse-
guiam atender à demanda da curiosa peça nas concessionárias.
As mesmas mãos habilidosas que praticavam os furtos também
convertiam a peça de latão cromado em anéis usados por homens
e mulheres (mudava apenas a posição da gota), além de chaveiros,
broches, brincos, pingentes e mais uma infinidade de acessórios,
numa onda tão explosiva quanto – felizmente – passageira.

“BRUCUTUMANIA”

Free download pdf