FOTOS ARQUIVO HISTÓRICO DO SÃO PAULO FC / DIVULGAÇÃO
vernador do estado e de presidente
do São Paulo. Por causa de suas atri-
buições no cargo maior do estado,
nem sempre ia assistir os jogos do
tricolor no estádio, mas tinha seu
lugar reservado na Tribuna de Hon-
ra. Logo desistiu de assistir aos jogos
da tribuna: era grande o número de
pessoas que iam ao seu encontro com
pedidos, afinal ele era o governador
do estado. Resolveu assistir às parti-
das das arquibancadas, o que tam-
bém se tornou inviável: os torcedores
passavam o jogo todo reclamando da
atuação dos jogadores, afinal o time
vivia seu maior período de jejum de
títulos, sendo a última conquista no
distante ano de 1957, justamente o
último antes de sua posse como pre-
sidente do clube.
A solução foi ver os jogos de um
local onde tivesse tranquilidade. O
lugar escolhido foi o banco de reser-
vas do time, junto à comissão técni-
ca. Durante os jogos, Laudo costu-
mava se manter quieto, comedido, e
comemorava os gols de forma con-
tida. Ainda assim sua figura auste-
ra junto aos reservas se destacava e
chamava muita atenção. Em toda
jogada que tivesse uma marcação a
favor do São Paulo ou uma não mar-
cação a favor do adversário, era des-
tacado que o governador estava ali,
e motivou a decisão do árbitro. Além
disso, não era incomum que muitos
árbitros trabalhassem como poli-
ciais militares, sob o comando do
Secretário de Segurança Pública do
Estado, cargo definido pelo gover-
nador do estado, isto é, era natural
considerar que, em algumas ocasi-
ões, o árbitro de uma partida do São
Paulo via seu “chefe” hierárquico no
banco de reservas do time. Não é
difícil imaginar que se sentisse in-
timidado com a situação.
De qualquer forma, os fatos de-
monstram que, ao longo dos seus 14
anos na presidência do São Paulo
Futebol Clube, Laudo Natel pôde co-
memorar dois títulos estaduais, os
de 1970 e 1971, sendo que neste último
ele acumulava o cargo de governador
do estado – com a vitória frente ao
Palmeiras por 1 a 0, em 27 de junho.
Nesse dia, o São Paulo precisava ape-
nas de um empate para conquistar o
bicampeonato estadual, e o alviverde
teve um gol legítimo, de Leivinha,
anulado indevidamente pelo árbitro
Armando Marques, sob a alegação
de ter sido marcado com a mão, o que
claramente não aconteceu. Após 20
anos no clube, Laudo Natel se desli-
gou da instituição, em 1972, receben-
do o título de “Grande Patrono do
São Paulo Futebol Clube”.
O governador
Carvalho
Pinto, com a
esposa, e
Laudo Natel, à
esquerda, no
jogo de estreia
do Estádio do
Morumbi
A bênção do
gramado na
inauguração,
em 1960
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