1493, depois que Cristóvão Colombo
chegou à América e se tomou conhe-
cimento de que em seu território havia
povos aborígines que precisavam ser
evangelizados, os Reis Católicos (Fer-
nando e Isabel, soberanos da Espa-
nha) adotaram as medidas necessá-
rias para garantir todos os direitos
sobre os territórios descobertos e por
descobrir. Para isso recorreram ao
papa espanhol Alexandre VI, que ex-
pediu uma bula papal por meio da
qual outorgava aos Reis Católicos a
missão de evangelizar todas as terras
descobertas e por descobrir. O rei João
II de Portugal considerou que a bula
outorgava um privilégio excessivo aos
reis da Espanha e propôs, diante do
papa Alexandre VI, dividir os terri-
tórios por descobrir entre Espanha e
Portugal. O papa traçou uma linha
divisória no meio do Oceano Atlânti-
co, a cem léguas a oeste das ilhas dos
Açores e das ilhas de Cabo Verde; a
parte ocidental ficava sob domínio
espanhol e a oriental, sob domínio
português. Os portugueses não se
conformaram com essa proposta e
negociaram com os Reis Católicos um
aumento da distância; no ano 1494, os
reis da Espanha e de Portugal concor-
daram em que a linha proposta pelo
papa Alexandre VI passasse a 370
léguas a oeste das ilhas de Cabo Ver-
de. Esse acordo deu origem ao Trata-
do de Tordesilhas.
JUNHO DE
632
8
MORRE MAOMÉ
Maomé, fundador da religião mu-
çulmana, nasceu em Meca, em 575,
no seio de uma família pobre da
nobre tribo dos coraixitas. Ficou
órfão aos 6 anos e foi acolhido por
seu tio Abu Talib, ao qual acom-
panhou em viagens comerciais.
Aos 25 anos, Maomé se casou com
a rica viúva Cadija, de quem teve
uma filha – Fátima –, além de uma
posição social mais tranquila
como comerciante respeitado. Co-
nheceu as duas grandes religiões
monoteístas de sua época por meio
das pequenas comunidades cristã
e judaica de Meca e em suas via-
gens de negócios.
Aos 40 anos, Maomé começou
a se retirar para o deserto e a per-
manecer dias inteiros em uma
caverna do monte Hira, onde
acreditou receber a revelação de
Deus – Alá –, que lhe falava pelo
arcanjo Gabriel e lhe comunicava
o segredo da fé muçulmana. Ani-
mado por Cadija, começou a pre-
gar a volta da religião de Abraão
em sua cidade natal, apresentando-se
como continuador dos grandes pro-
fetas monoteístas anteriores, Abraão,
Moisés e Jesus Cristo.
Conseguiu seus primeiros adeptos
entre as massas urbanas mais humil-
des. Quando seus seguidores se tor-
naram numerosos, as autoridades
começaram a vê-lo como uma ameaça
contra a ordem estabelecida; ele foi
acusado de impostor e as persegui-
ções começaram. Uma parte de seus
seguidores fugiu para a Abissínia, e
as ameaças à segurança de Maomé
chegaram a tal ponto que ele decidiu
fugir para Medina, no dia 16 de julho
de 622 – data consagrada como Hégi-
ra. Esse dia se estabeleceria como a
fundação da era muçulmana.
Em Medina, Maomé teve contato
com a comunidade judaica, que o re-
jeitou por sua interpretação errônea
das Escrituras; ele compreendeu en-
tão que o seu sermão constituía uma
nova fé e resolveu mudar a orienta-
ção da oração, de Jerusalém a Meca.
Combinando persuasão e força, Ma-
omé se rodeou de seguidores que
começaram a assaltar caravanas e
povoados da região como meio de
vida, em conf litos que foram exerci-
tando os muçulmanos no uso da for-
ça para submeter e converter os
infiéis através da “guerra santa”,
de modo que Maomé se converteu
em um caudilho religioso, políti-
co e militar.
Os conf litos entre Medina e
Meca culminaram com a conquis-
ta desta última cidade pelos mao-
metanos em 630, fruto da pressão
militar, da negociação política e de
alianças convenientes. O santuá-
rio da Caaba, em Meca, foi imedia-
tamente consagrado a Alá. Pouco
antes de morrer, Maomé fez uma
peregrinação de Medina a Meca,
que serviu de modelo para um ri-
tual que todo muçulmano deve
realizar uma vez na vida.
Maomé foi o criador da teologia
islâmica ref letida no Alcorão, úni-
co livro sagrado dos muçulmanos,
uma coleção de sentenças inspira-
das por Alá, reunidas durante a
vida do profeta e recompiladas em
- Nos últimos anos da vida de
Maomé, o islamismo se estendeu
ao resto da Arábia, unificando e
convertendo as diversas tribos
semíticas politeístas que habita-
vam aquele território em um povo
unido, o que deu início a uma ex-
pansão sem precedentes.
AGENDA
40 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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