Aventuras na História - Edição 143 (2015-06)

(Antfer) #1
respectivamente. Essa cruzada se
finalizou com sucesso em 1099, e seus
resultados foram a conquista de Ni-
ceia (1097), Antioquia (1098) e Jeru-
salém (1099), criando o reino de Jeru-
salém e outros portos cristãos na
costa asiática do Mediterrâneo.
Os exércitos cruzados saíram de
Bizâncio com um contingente militar
bizantino comandado pelos generais
Manuel Boutoumides e Tatikios e
iniciaram sua incursão pela Ásia
Menor durante o primeiro semestre
de 1097. Ali se uniu a eles o pequeno
Exército do monge Pedro, o Eremita


  • criador de uma cruzada de gente
    do povo. O primeiro alvo de sua cam-
    panha foi a cidade de Niceia, ante-
    riormente sob domínio bizantino,
    conquistada pelos turcos seljúcidas,
    que a converteram na capital do sul-
    tanato de Rüm, governado por Kilij
    Arslan I. Os cruzados começaram o
    cerco da cidade no dia 14 de maio,
    repartindo a disposição de suas for-
    ças nas diferentes seções das mura-
    lhas, que estavam bem defendidas
    com duzentas torres. Boemundo
    acampou no lado norte da cidade;
    Godofredo, no leste; e Raimundo e
    Ademar de Monteil, no sul.
    O assédio de Niceia foi longo. As
    tropas do sultão foram derrotadas
    sucessivamente e os defensores, esgo-
    tados pelo longo sítio, pediram a Kilij
    Arslan que lhes concedesse a possi-
    bilidade de se render diante dos cru-
    zados. Este aceitou se render em se-
    gredo ao imperador bizantino Aleixo
    I, por temor de que os cruzados des-
    truíssem e saqueassem a cidade. Ao
    amanhecer do dia 19 de junho de 1097,
    os cruzados viram os estandartes bi-
    zantinos hasteados sobre os muros da
    cidade de Niceia. Além disso, eles não
    tiveram permissão para entrar na
    cidade, exceto em pequenos bandos


vigiados, o que se tornou uma impor-
tante fonte de conf litos entre o Impé-
rio Bizantino e os cruzados.
Após entregar a custódia de Ni-
ceia aos bizantinos, os cruzados rei-
niciaram sua campanha até Jerusa-
lém. Niceia foi a primeira grande
vitória dos cruzados na Terra Santa.

JUNHO DE
1900

20 R EVOLTA
DOS BOXERS,
NA CHINA

A rebelião dos boxers foi a expressão
do mal-estar chinês diante das inter-
venções econômicas e políticas das
potências europeias, evidenciadas
através das “guerras do ópio” contra
a Grã-Bretanha (1839-1842 e 1856-
1860) e o Japão (1894-1895).
Os boxers – “boxeadores”, em inglês


  • constituíam uma sociedade secreta,
    os Yi He Tuan – “Punhos Harmonio-
    sos e Justiceiros” –, com conotações
    políticas e cujo objetivo principal era
    expulsar os estrangeiros da China.
    Implantada no nordeste do país, seus
    membros adotaram rituais das artes
    marciais, por meio dos quais acredi-
    tavam tornar-se invulneráveis às ba-
    las. Eram partidários de destituir a
    dinastia reinante e os estrangeiros
    que haviam alcançado posição proe-
    minente, especialmente os missioná-
    rios, além de se propor eliminar os
    chineses convertidos ao cristianismo.
    A expansão cristã na China havia
    provocado a transformação da socie-
    dade tradicional, o que explica o ca-
    ráter xenófobo e ao mesmo tempo
    anticristão dos boxers.
    Em 1898, elementos anticolonia-
    listas haviam alcançado suficiente
    poder no governo chinês para buscar
    um acordo com os boxers. O protesto


antiocidental se iniciou com agres-
sões contra pessoas e bens estrangei-
ros, aparentemente condenados pela
corte, mas com o beneplácito da im-
peratriz Tseu-Hi, que instigou vários
governadores provinciais a apoiarem
a revolta dos boxers em suas jurisdi-
ções. As ações aumentaram em 1899


  • com cortes de linhas de telégrafo e
    destruição das vias ferroviárias –, e
    231 europeus e milhares de chineses
    cristãos foram assassinados.
    Os boxers entraram em Pequim
    em maio de 1900, motivando o envio
    de um contingente de 2 100 soldados
    ocidentais, no mês seguinte, para
    proteger a linha ferroviária que unia
    a cidade com Tianjin. A nomeação de
    um príncipe xenófobo como ministro
    das Relações Exteriores revelou o
    apoio oficial à revolta. A imperatriz
    ordenou a detenção e o regresso da
    coluna ocidental, e uma semana de-
    pois os boxers exigiram que os es-
    trangeiros abandonassem Pequim
    sob ameaça de morte.
    O conf lito levou a uma rebelião
    geral, e os estrangeiros se refugia-
    ram na zona diplomática, organi-
    zando um exército com quinhentos
    homens pertencentes aos países
    presentes na China – Grã-Bretanha,
    França, Estados Unidos, Japão, Rús-
    sia, Alemanha, Áustria-Hungria e
    Itália –, ao qual se uniram as tropas
    enviadas para proteger a via ferro-
    viária. No dia 20 de junho, o embai-
    xador alemão foi assassinado e, no
    dia seguinte, a imperatriz declarou
    guerra às potências ocupantes. O
    sítio durou seis semanas, até que em
    14 de agosto uma força internacional
    ocupou a cidade. A imperatriz fugiu
    e a coligação multinacional efetuou
    uma repressão implacável.
    A rebelião terminou com o Proto-
    colo de 1901 entre as potências estran-


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46 | AVENTURAS NA HISTÓRIA

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