Lava-jato de madrugada, freios regenerativos, rodas de 300kg:
os segredos e curiosidades dos trens do Metrô, que são mais
modernos e bem cuidados que a maioria dos nossos carros
POR RODRIGO RIBEIRO
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FOTOS ALEXANDRE BATTIBUGLI
REPORTAGEM
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OS CARROS DO METRÔ
F
reios regenerativos, motores
elétricos, ABS, suspensão a ar
ajustável e condução autônoma
são algo relativamente recente na
indústria automotiva. Mas eles já são
uma realidade no Metrô de São Paulo
desde 1974. E, de quebra, a manu-
tenção dos trens de 130 metros pode
ser mais barata do que a de um carro
comum. Essas são apenas algumas
das curiosidades que cercam os 169
trens (incluindo 27 monotrilhos)
cuja manutenção é feita em cinco
pátios. QUATRO RODAS foi conhe-
cer de perto como esse processo, que
envolve até carros especiais, é feito.
“A movimentação é mais intensa
entre 1 h e 4h30 da manhã, quando
os trens deixam a operação comer-
cial e podem passar por manuten-
ções complexas ou por uma simples
lavagem”, diz Luis Madeira, super-
visor do tráfego de trens do Metrô.
Limpar os trens, por exemplo, exige
uma máquina que leva de 15 a 20 mi-
nutos para lavar cada composição. O
processo usa uma mistura de água
e xampu à base de ácido para tirar a
sujeira das carrocerias de aço inox.
Limpar o interior é ainda mais
penoso: um time de cinco funcioná-
rios lava o chão, bancos e vidros de
cada um dos seis carros que com-
põem o trem do Metrô. A atenção
com a sujeira é tamanha que equipes
circulam entre as estações durante a
operação comercial com um “kit vô-
mito” para limpar sujeiras de passa-
geiros indispostos ou embriagados.
No pátio também ocorrem ma-
nutenções mais complexas, como a
troca das rodas. Cada uma pesa 300
kg, custa R$ 3.500 e pode ser des-
truída caso os freios travem os dis-
cos em uma frenagem mais intensa.
Por isso, desde a década de 70 os
trens contam com sistemas de fre-
nagem antitravamento.