Sabor Club - Edição 34 (2019-11)

(Antfer) #1

14 | Sabor. club [ ed. 34 ]


“As coisas mais
gostosas na
gastronomia,
falando de
comida e
bebida, são
aquelas que
surpreendem,
levam a gente
para um lugar
novo. É o que
acontece
quando o chef
bota a cabeça
para pensar”

Muitas ideias e ingredientes passaram
pelos tanques e, alguns anos depois daquele
encontro perfumado, a Jeffrey Lab Thomas
Troisgros faz sua estreia no mercado. Uma
cerveja no estilo Saison que leva cenoura,
pimenta do reino e... jiló no lugar dos lúpulos.
Sim, o amargor fica a cargo do fruto verde.
“A criação foi na hora, pensando e
misturando. Lúpulo não dá amargor e frescor?
Por que o jiló não pode fazer isso? Essa foi a
cerveja mais fora da curva que fizemos, e de
melhor resultado”, diz Thomas. “A pimenta
entrou porque acho legal essa pequena
ardência, e a cenoura para dar cor.”
Mas o legume não traz apenas coloração
para a bebida, como nota-se ao tomarmos a
cerveja não filtrada, com ligeira turbidez e 6,5%
ABV. Com ponta de acidez, alta carbonatação,
citricidade e notas vegetais adocicadas, além do
amargor médio e da pimenta que instiga ao final
do gole, a Jefrey Thomas é bem equilibrada e
nos traz, em perspectiva histórica, a ideia de que
o lúpulo, dependendo do estilo abordado, não é
essencial.

Embora Thomas goste de pensar nas
bebidas, em geral, como itens a ser apreciados
sem a obrigação de acompanhar a comida, ele
pretende colocar a cerveja nos restaurantes
do grupo CT. A garrafinha de 300ml vai
aparecer na harmonização de alguma etapa
do menu degustação do Olympe, como o chef
já fez com a Niña e a CT Pilsen, cerveja feita
pela Jeffrey para os restaurantes da família
Troisgros.
“As coisas mais gostosas na gastronomia,
falando de comida e bebida, são aquelas que
surpreendem, levam a gente para um lugar
novo. É o que acontece quando o chef bota
a cabeça para pensar. O Thomas gosta de
inovação, é a nossa cara”, diz Gilson Val, que
forma o trio da ‘cervejaria do patinho’ com os
sócios Eduardo Brand e Renato Monteiro.
Enfim, o que vemos é um novo e louvável
desenho para um mercado cervejeiro que cada
vez mais aceita bebidas fora dos padrões de
consumo estabelecidos nas últimas décadas
pela produção em massa das gigantes
do negócio.

14 | Sabor.club [ ed. 34 ]


Um brinde,
maestro!
O lendário Isaac
Karabtchevsky ganha
cerveja para levá-lo
ao nirvana
&/IǯVIY2EIWXVS ̄E
segunda cerveja da
W ̄VMI1EFEKERLEV
o mercado. Ela tem
“estilo livre”, feita a partir
do trabalho feito pela
cervejaria que busca
aproximar a cerveja da
cultura, promovendo
exposições na loja e
fechando a Rua Tubira
para shows musicais.
5EVEYQHIPIWE/IǯVI]
procurou a Orquestra
Petrobras Sinfônica, o
que cativou o maestro
.WEEG0EVEFXGLIZWO]
Ele se empolgou
com a ideia de criar
algo que “restaurasse
suas energias após
um concerto, e que o
mantivesse no estado
de nirvana que ele
entra regendo”.
O mestre chegou a
sugerir os ingredientes
que admira: caju e suas
castanhas, castanha
do Pará, folhas de
PMQ©S0EDzVITMQIRXE
malagueta. E assim
nasceu a cerveja clara,
aromática e com 6%
ABV. Em 2018, no
aniversário de 4 anos
da cervejaria, ele regeu
a Sinfônica em palco
montado em frente
¦/IǯVI]VIGIFIRHS
EVXMWXEWGSQS5MXX]I
Elza Soares.
Free download pdf