brasil
52 20 de novembro, 2019
legislativo
DesDe que chegou ao Congres-
so, há nove meses, o pacote anticrime
proposto pelo ministro da Justiça, Ser-
gio Moro, sofreu diversas alterações ó
algumas que aprimoram os mecanis-
mos de combate à corrupção, como a
ampliação do tempo máximo de cum-
primento de penas, outras que corri-
gem exageros, principalmente em rela-
ção ao abuso das prisões preventivas.
Mas existe uma em especial que está
sendo apontada como um grande re-
trocesso na luta contra a corrupção.
Hoje, pessoas condenadas por impro-
SURPRESA Moro: o ministro disse que vai mobilizar a bancada do governo para tentar reverter as alterações no projeto
AdriAno mAchAdo/reUTerS
Jogo suJo X ficha limpa
Parlamentares inserem na lei anticrime um artigo que pode ressuscitar políticos
banidos da vida pública por improbidade LARySSA BoRgES
bidade administrativa e que tenham a
sentença confirmada por um tribunal
colegiado são proibidas de disputar
eleições ou ocupar qualquer cargo pú-
blico. A lei que prevê isso baniu uma
horda de criminosos do colarinho
branco, gestores mal-intencionados e
empresários trapaceiros ó os chama-
dos fichas-sujas. Na surdina, os parla-
mentares querem mudar essa regra.
Há cerca de duas semanas, enquanto
o Supremo Tribunal Federal (STF) dis-
cutia a prisão em segunda instância, um
grupo de trabalho da Câmara dos Depu-
tados aprovou uma proposta que abre
uma janela para recolocar os fichas-
sujas no jogo eleitoral já em 2020. De
acordo com o texto, que ainda será sub-
metido ao plenário, a lei de improbidade
passa a contar com um artigo que abre a
possibilidade de acusados ou condena-
dos firmarem acordo com o Ministério
Público, por meio do qual pagariam
uma multa, ressarciriam aos cofres pú-
blicos eventuais prejuízos e escapariam
da maior das punições ó a suspensão
dos direitos políticos. “Não tem cabi-
mento o réu só pagar a multa e devolver
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