CRISE NA TUNDRA 95
mastigados junto da margem. Estávamos no rio há
uma semana quando chegámos a um lago com 15
hectares que não existia no passado. Ao centro, exis-
tia uma enorme estrutura construída por castores.
Há anos que Ken Tape usa fotografias captadas
por via aérea e satélite para monitorizar a forma
como plantas e animais selvagens estão a mu-
dar no Alasca e como isso poderá afectar o per-
mafrost. À medida que este derrete e as estações
de crescimento se prolongam, o Árctico modifica-
-se. A título de exemplo, os arbustos das planícies
ribeirinhas do Alasca quase duplicaram de tama-
nho. Embora o crescimento da vegetação absorva
mais carbono, um inquérito realizado por peritos
em 2016 concluiu que o aumento do verde no
Árctico não é, de longe, suficiente para compen-
sar o degelo do solo permanentemente gelado.
A vegetação está a conduzir os animais para norte.
“Assim que pensei em castores, percebi que pou-
cas espécies deixam marcas tão visíveis a ponto
de conseguirmos distingui-las do espaço”, disse.
Em imagens recolhidas entre 1999 e 2014, abran-
gendo apenas três bacias hidrográficas, Ken avis-
tou 56 novas estruturas construídas por castores
que não existiam na década de 1980. Os animais
estão a colonizar o Norte do Alasca, deslocando-se
oito quilómetros por ano. Ken pensa que existem
agora oitocentas estruturas de castores em lagoas
no Alasca árctico, incluindo o enorme complexo
do Alatna. Ken apelidou-o de Lodge Mahal.