Dossiê Superinteressante - Edição 398-A (2019-01)

(Antfer) #1
eua
W.E.B.
Du Bois

1868 - 1963
Primeiro negro a
obter um doutorado
em Harvard, Du Bois
foi um dos principais
intelectuais do
movimento pan-a-
fricanista. Contra-
riando autores como
Garvey, defendia a
igualdade racial pela
integraÁão e não
pelo “separatismo”:
Du Bois entendia ser
possível brancos e
negros se desenvol-
verem em um mes-
mo país e não em
naÁões separadas.
Em 1909, fundou a
NAACP (AssociaÁão
Nacional para o Pro-
gresso das Pessoas
de Cor), para dar
suporte jurídico a
negros em proces-
sos que ajudaram a
acabar com as leis
segregacionistas.

jamaica
Marcus
GarvEy

1887 - 1940

Um dos princi-
pais pensadores
do pan-africa-
nismo, Garvey
defendia um
“fundamentalis-
mo africano” – a
ideia de que os
descendentes
da diáspora
negra, flhos e
netos de antigos
escravizados,
deveriam se unir,
não importando
onde vivessem,
para acabar com
o colonialismo
europeu. Suas
ideias infuencia-
ram movimentos
como o Black
Power, nos EUA,
e o rastafári,
na Jamaica.

Trinidad e Tobago
HEnry sylvEstEr
WilliaMs

1869 - 1911

Nascido em Trinidad
e Tobago e formado
nos EUA, foi na Ingla-
terra que fundou a
AssociaÁão Africana,
com o objetivo de
combater o racismo
e o imperialismo.
Também se tornaria
o primeiro negro a
advogar na Colônia
do Cabo, na atual
África do Sul. Quase
20 anos antes do 1^0
Congresso Pan-Afri-
cano, organizou uma
conferência sobre o
tema em Londres.

ativistas


da liberdade
As principais
lideranças que ajudaram
a redesenhar a história
do continente africano.

O que hoje imaginamos como África
começa a se formar fora dela. Primeiro,
como uma visão exótca dos coloniza-
dores sobre um contnente misterioso,
de interiores difíceis de explorar – eter-
nizada em clássicos da literatra como
O Coração das Trevas, de Joseph Conrad.
Mais tarde, essa imagem passou a ser
complementada pela nostalgia de africa-
nos e descendentes levados à força para
outas partes do mundo, que compar-
tlharam sua cultra e suas memórias
nas novas terras.
São os membros dessa diáspora
que começam, no exterior, a se unir
em torno de bandeiras em comum –
inicialmente, o fm da escravidão. A
partr do século 18, antgos escravos
libertos que tveram a oportnidade
de estdar passam a integrar a linha
de frente de movimentos intelectais e
polítcos, como o Sons of Africa (“Filhos
da África”, em inglês), de Londres, que
passaram a pressionar por leis abolicio-
nistas na Inglaterra e em suas colônias
das Américas e do Caribe.
Quando a abolição ganha força e as
últimas alforrias são concedidas no
Novo Mundo, o embate passa a ser
outo: isso porque, conforme o táfco
negreiro foi sendo extnto, a Europa
tatou de dividir o contnente vizinho
na Conferência de Berlim, inaugurando
um novo modo de lucrar ainda mais
com a África. Agora, os descendentes
de africanos tinham um adversário
ainda mais poderoso pela frente: o co-
lonialismo em seu próprio contnente.

as terras ancestais.
O jamaicano Marcus Garvey, por
exemplo, foi um dos mais infuentes
intelectuais do movimento e nun-
ca chegou a pisar na África. Outos,
como W. E. B. Du Bois, nascido nos
Estados Unidos e falecido em Gana,
chegaram a fazer a viagem de retor-
no. Independentemente da geografa,
suas ideias ressoaram por décadas,
inspirando desde o norte-americano
Malcolm X ao “Che Guevara africano”,
Tomas Sankara, em lutas pelos direitos
dos negros e pela independência das
nações do contnente.

O pan-africanismo passou a bradar pe-
la união polítca e social ente aqueles
que descendiam de africanos, onde quer
que estvessem, buscando pôr um fm
à opressão europeia.
Idealizado e difndido por intelec-
tais negros nas Américas, no Caribe
e na própria África (leia mais acima),
o movimento começou a ganhar seus
contornos no início do século 20. As
correntes pan-africanistas se dividiam
quanto à maneira de lutar pela autode-
terminação do contnente, mas partam
sempre de um mesmo princípio – o
mais importante era a identfcação com

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