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Freud e os sonhos
Fica para nós, agora, a seguinte pergunta: se era
preciso traduzir o nonsense do sintoma para um
mecanismo com sentido e era essa tradução que
permitia a cura, como foi que Freud aprendeu a
realizar essa tradução? Como foi que pôde traduzir,
pela primeira vez na história, a linguagem do
inconsciente, como pôde descobrir-lhe o sentido,
como pôde aprender a ler essa linguagem? Qual foi a
Pedra de Roseta que, à semelhança da descoberta do
sentido dos hieróglifos egípcios, permitiu que ele lesse
no inconsciente não como se fosse grego, mas uma
língua que ele falasse cotidianamente?
Temos ensaiado a resposta há várias páginas,
tentando nos certificar de que a pergunta estava bem
compreendida. A resposta é muito mais simples: foi
através dos sonhos.
Os sonhos possuem uma linguagem muito
particular, aparentemente ilógica, mas verdadeiramente
compreensível. Ela possui algumas regras próprias,
que Freud teve que descobrir. E ele descobriu essa
linguagem da única forma que poderia tê-lo feito:
examinando seus próprios sonhos. A linguagem
dos sonhos era, portanto, a própria linguagem do
inconsciente.
Mas já que analisou seus próprios sonhos, será
“Os sonhos possuem uma linguagem muito
particular, aparentemente ilógica, mas
verdadeiramente compreensível, com algumas regras
próprias que Freud teve que descobrir.”