– Não?
– Acho que era a letra dela na nota. Dizia apenas ERIKSEN. – Surgiu o
vestígio de um sorriso nos lábios finos. – Talvez ele se tenha esquecido de lhe
dizer o primeiro nome. De qualquer maneira, a nota desapareceu passada uma
semana.
Harry olhou para as escadas por cima do corrimão. Os degraus eram
íngremes.
– No entanto, uma semana é melhor que nada, não acha?
– Para alguns talvez – disse ela, pousando a mão na maçaneta da porta. –
Agora tenho de ir. Acabei de ouvir que recebi um e-mail.
– Ele não vai a lado nenhum, pois não?
A mulher foi dominada por um ataque de espirros.
– Tenho de lhe responder – disse ela com os olhos cheios de lágrimas. – É
do autor. Estamos a discutir a minha tradução.
– Então vou ser rápido – disse Harry. – Apenas queria que também visse
isto.
Estendeu-lhe uma folha de papel. Ela pegou nela, deu-lhe uma vista de
olhos e olhou para Harry com uma expressão desconfiada.
– Olhe com atenção – disse ele. – Demore o tempo que quiser.
– Completamente desnecessário – disse ela ao devolver-lhe o papel.
Harry demorou dez minutos a pé do Quartel-general da Polícia até ao 21A
da Kjølberggata. O decrépito edifício de tijolo fora outrora uma fábrica de
conservas, uma gráfica, uma fundição e provavelmente mais algumas coisas.
Uma recordação de que outrora Oslo tivera indústria. Agora a Krimteknisk
tomara-lhe o lugar. Apesar da nova iluminação e do interior moderno, o
edifício ainda causava uma sensação industrial. Harry encontrou Weber numa
das salas grandes e frias.
– Merda – disse Harry. – Tens a certeza absoluta?
Weber esboçou um sorriso cansado.
– A impressão na garrafa era tão boa que se a tivéssemos nos nossos
ficheiros, o computador teria encontrado um par. Claro que poderíamos
procurar manualmente para termos a certeza a cem por cento, mas isso