– Não sei. Talvez porque alguém acabara de me roubar a minha raquete de
squash do vestiário, enquanto eu estava a treinar. O meu pensamento seguinte
foi que o banco de Stine tinha sido assaltado. É assim que a mente trabalha
quando a nossa imaginação é fértil, não é? Depois fui para casa e fiz lasanha.
Stine adorava lasanha. – Grette tentou sorrir. Depois as lágrimas começaram a
cair.
Harry fixou os olhos no pedaço de papel em que Grette estivera a escrever,
de modo a não ver o homem adulto a chorar.
– Vi pelo vosso extracto semestral que foi feito um grande levantamento. –
A voz de Beate soava dura e metálica. – Trinta mil kroner em São Paulo.
Onde é que os gastaram?
Harry olhou para ela surpreendido. Beate não parecia nada comovida com a
situação.
Grette sorriu por entre as lágrimas.
– Stine e eu celebrámos ali o nosso décimo aniversário. Deviam-lhe alguns
dias de férias e ela partiu uma semana antes de mim. Foi o maior período de
tempo que estivemos separados.
– Perguntei onde é que gastaram os trinta mil em dinheiro brasileiro – disse
Beate.
Grette virou-se para a janela.
– Isso é um assunto pessoal.
– E este é um caso de homicídio, Herr Grette.
Grette fixou nela um olhar duro e prolongado.
– É óbvio que nunca esteve apaixonada por ninguém, pois não?
O semblante de Beate obscureceu-se.
– Os joalheiros alemães de São Paulo são considerados dos melhores do
mundo – disse Grette. – Comprei o anel de diamantes que Stine usava quando
foi morta.
Dois auxiliares foram buscar Grette. Hora de almoço. Harry e Beate
permaneceram junto da janela, enquanto esperavam pelo auxiliar que os iria
acompanhar à saída.
– Desculpa – disse Beate. – Fiz figura de parva. Eu...
– Está tudo bem – disse Harry.