Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

– Interessante ter escolhido um banco a uma centena de metros da esquadra
da polícia.


– Por coincidência, o alarme do banco estava em reparações.
– Não acredito em coincidências – disse Harry.
– Oh? Achas que foi um trabalho interno?
Harry encolheu os ombros.
– Ou alguém que sabia que o alarme estava a ser arranjado.
– Só o banco e os tipos das reparações é que o sabiam. E nós.
– Não era acerca do assalto ao banco que querias falar, pois não, chefe?
– Não – disse Møller, a contornar uma poça. – O superintendente-chefe tem
estado numa reunião com o mayor . Todos estes assaltos estão a incomodá-lo.


No carreiro, pararam para dar passagem a uma mulher com três crianças a
reboque. Ela estava a repreendê-los num tom de voz zangado, esgotado, e
evitou os olhos de Harry. Era horário de visitas em Botsen.


– Ivarsson é eficiente. Não há dúvidas quanto a isso – disse Møller. – No
entanto, este Executor parece ser de um calibre diferente daquele a que
estamos habituados. O superintendente-chefe acha que desta vez os métodos
convencionais podem não ser suficientes.


– Talvez não, mas e depois? Um «dois», a mais ou a menos, não é um
escândalo.


– Um «dois»?
– Uma vitória da equipa adversária. Caso por resolver. É o calão actual,
chefe.


– Há aqui mais em jogo do que isso, Harry. Os órgãos de comunicação
social têm passado o dia atrás de nós, tem sido um pesadelo. Estão a chamar-
lhe o novo Martin Pedersen. E no website do Verdens Gang descobriram que
lhe chamamos o Executor.


– É sempre a mesma história – disse Harry, a atravessar a rua com o sinal
vermelho com um Møller circunspecto a segui-lo. – Os media é que
determinam quais as nossas prioridades.


–   Bem,    ele assassinou  alguém.
– E nós desistimos dos assassinos que não se encontram à vista do público.
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