se de Harry. – Tens carta-branca. Estamos dispostos a aceitar que os
regulamentos podem ser contornados. Em troca, isto tem de ficar dentro da
força.
– Hm. Acho que compreendi. E se não ficar?
– Apoiar-te-emos o máximo que nos for possível, mas há um limite. Nem é
preciso dizê-lo.
Elmer virou-se quando as campainhas por cima da porta tocaram e fez sinal
com a cabeça em direcção ao pequeno rádio portátil, em frente do qual se
encontrava.
– E eu a pensar que Kandahar era uma estância de esqui. Um maço de
Camel?
Harry assentiu. Elmer baixou o volume do rádio e a voz do jornalista
juntou-se ao zumbido dos sons exteriores – carros, o vento a bater no toldo, as
folhas a serem sopradas pelo alcatrão.
– Alguma coisa para o seu colega? – Elmer apontou para a porta onde
Møller parara.
– Ele gostaria de um piloto kamikaze – disse Harry, a abrir o maço.
– A sério?
– Mas esqueceu-se de perguntar o preço – continuou Harry, e conseguiu
sentir o sorriso docemente sardónico de Møller sem sequer se virar.
– E hoje em dia qual é o preço a que se encontram os pilotos kamikaze ? –
perguntou o dono do quiosque, a estender o troco a Harry.
– Quando sobrevivem, é-lhes permitido ficar com as missões que lhes possa
apetecer – disse Harry. – Essa é a única condição que eles colocam. E a única
na qual insistem.
– Parece-me razoável – disse Elmer. – Tenham um bom dia, cavalheiros.
No caminho de regresso, Møller disse que iria falar com o superintendente-
chefe acerca da possibilidade de Harry poder trabalhar no caso de Ellen
Gjelten durante três meses. Isto é, desde que o Executor fosse apanhado.
Harry concordou. Møller hesitou em frente da tabuleta PROIBIDO PISAR A
RELVA.
– É o caminho mais curto, chefe.
– Sim – disse Møller. – Mas os meus sapatos vão ficar sujos.
– Como queiras – disse Harry, a subir pelo carreiro. – Os meus já o estão.