– O que é?
Harry pousou o álbum na mesa em frente de Halvorsen, e apontou para uma
de seis fotografias presas à folha negra. Uma mulher e três crianças a sorrirem
numa praia.
– É a mesma fotografia que encontrei no sapato de Anna – disse Harry. –
Cheira-a.
– Não é preciso. Consigo cheirá-la daqui.
– Certo. Ele acabou de colar a fotografia. Se a moveres um pouco,
consegues sentir que a cola ainda está mole. Cheira a fotografia.
– Ok. – Halvorsen encostou o nariz aos sorrisos. – Cheira a... químicos.
– Que tipo de químicos?
– As fotografias cheiram sempre assim quando acabam de ser reveladas.
– Acertaste de novo. E o é que concluímos disso?
– Que, hm... ele gosta de colar fotografias.
Harry olhou para o relógio. Se Albu fosse directamente para casa, chegaria
dentro de uma hora.
– Eu explico-te no carro – disse. – Temos a prova de que precisávamos.
Estava a chover quando chegaram à E6. A luz dos veículos vindos em
direcção contrária reflectia-se no alcatrão molhado.
– Agora sabemos de onde veio a fotografia que Anna tinha no sapato –
disse Harry. – Eu diria que Anne aproveitou a oportunidade para a tirar do
álbum, quando esteve no chalé pela última vez.
– Mas o que é que ela ia fazer com a fotografia?
– Só Deus o sabe. Talvez para ver o que se encontrava entre ela e Albu.
Para compreender melhor. Para ter alguma coisa na qual espetar alfinetes.
– E quando lhe mostraste a fotografia, ele soube de onde era?
– Claro que soube. As marcas de pneus do Cherokee junto ao chalé são
iguais às anteriores. Mostram que ele esteve aqui há alguns dias, talvez
ontem.
– Para lavar o chão e limpar todas as impressões digitais?
– E para verificar aquilo de que já desconfiava... que aquela fotografia não