Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

– Inocente – disse Harry. – Eu sei. – Fechou a porta do gabinete atrás de si e
afundou-se na cadeira em frente da secretária. – Mas não estamos a falar de
Trond Grette.


A boca de Beate fechou-se com um clique audível e molhado.
– Alguma vez ouviste falar de Lev Grette? – perguntou Harry. – Raskol
disse que só precisou dos primeiros trinta segundos para saber que era ele,
mas queria ver o resto para se certificar porque já há alguns anos que ninguém
o via. Segundo os últimos rumores que Raskol ouviu, Grette estava a viver
algures no estrangeiro.


– Lev Grette – disse Beate, e o seu olhar perdeu-se na distância. – Era um
menino-prodígio. Lembro-me de ouvir o meu pai falar dele. Li relatórios de
assaltos nos quais se suspeitava que estivesse envolvido quando tinha apenas
dezasseis anos. Era uma lenda porque a polícia nunca o apanhou, e quando
desapareceu de vez não tínhamos as suas impressões digitais. – Olhou para
Harry. – Como pude ser tão estúpida? A mesma constituição. As mesmas
feições. É irmão de Trond Grette, não é?


Harry assentiu.
Beate franziu as sobrancelhas.
– Mas isso significa que Lev Grette matou a própria cunhada.
– Faz com que algumas coisas encaixem, não faz?
Ela assentiu lentamente.
– Os vinte centímetros entre os rostos. Eles conheciam-se.
– E se Lev Grette soube que foi reconhecido...
– Claro – disse Beate. – Ela era uma testemunha. Não podia correr o risco
de ela o denunciar.


Harry levantou-se.
– Vou pedir a Halvorsen para nos fazer um café muito forte. Agora vamos
ver o vídeo.


– O meu palpite é que Lev Grette não sabia que Stine trabalhava ali – disse
Harry, os olhos fixos no ecrã. – O mais interessante é que provavelmente ele
também a reconheceu, e apesar disso decidiu escolhê-la como refém. Devia
saber que ela o reconheceria ao vê-lo de perto, nem que fosse pela voz.


Beate sacudiu a cabeça num gesto de incompreensão enquanto absorvia as
imagens do assalto ao banco onde tudo estava temporariamente silencioso, e

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