Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

de visitantes a explicar a Raskol que precisava de mais quarenta mil kroner
para os egípcios. Raskol explicara-lhe que a ahwa de Muhammed Ali não
ficava em Porto Seguro, mas numa vila próxima.


– D’Ajuda – dissera Raskol com um grande sorriso. – Conheço alguns
rapazes que vivem ali.


O árabe olhou para Beate que sacudiu a cabeça, antes de pousar a chávena
de café em frente de Harry. Era forte e amargo.


– Muhammed – disse Harry e viu que o homem atrás do balcão endureceu.
– É Muhammed, certo?


O árabe engoliu em seco.
– Quem o pergunta?
– Um amigo. – Harry levou a mão direita ao interior do casaco e viu o
pânico a espalhar-se pelo rosto moreno. – O irmão mais novo de Lev está a
tentar encontrá-lo.


Harry tirou uma das fotografias que Beate encontrara em casa de Trond e
colocou-a em cima do balcão.


Muhammed fechou os olhos por um segundo. Os seus lábios pareciam estar
a murmurar uma prece silenciosa de gratidão.


A fotografia mostrava dois rapazes. O mais alto dos dois vestia um casaco
acolchoado vermelho. Estava a rir-se e tinha um braço pousado à volta dos
ombros do outro, que sorria timidamente para a máquina.


– Não sei se Lev alguma vez falou do irmão mais novo – disse Harry. –
Chama-se Trond.


Muhammed pegou na fotografia e estudou-a.
– Hm – disse ele, a cofiar a barba. – Nunca vi nenhum deles. E também
nunca ouvi falar de alguém chamado Lev. Conheço a maior parte das pessoas
que vivem por aqui.


Estendeu a fotografia a Harry, que a voltou a guardar no bolso interior do
casaco e que acabou de beber o café.


– Temos de encontrar um lugar onde ficar, Muhammed. Depois voltamos.
Entretanto, pense um pouco.


Muhammed sacudiu a cabeça, pegou na nota de vinte dólares que Harry
colocara debaixo da chávena de café e voltou a entregar-lha.

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