Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

à sua volta enquanto Muhammed lhe servia café. – Para pescar?


– Toma – disse Muhammed, a apontar para a chávena. – É bom para a
paranóia.


– Paranóia? – gritou Roger. – Isto é apenas bom senso. Mil dólares da
merda! As pessoas por aqui venderiam alegremente as mães por um décimo
desse valor.


– Então, o que é que vais fazer?
– Aquilo que tenho de fazer. Antecipar-me ao alemão.
– A sério? Como?
Roger provou o café enquanto tirava do cinto uma pistola negra de coronha
curta, de um vermelho-acastanhado.


– Cumprimenta a Taurus PT92C vinda de São Paulo.
– Não, obrigado – silvou Muhammed. – Tira já isso daqui. Estás doido.
Achas que consegues abater aquele alemão sozinho?


Roger encolheu os ombros e voltou a enfiar a pistola no cinto.
– Fred está em casa a tremer. Diz que nunca mais vai ficar sóbrio.
– Este homem é um profissional, Roger.
Roger fungou.
– E eu? Já assaltei alguns bancos. E sabes o que é mais importante,
Muhammed? O elemento surpresa. Isso representa tudo. – Roger esvaziou a
chávena de café. – E duvido que ele seja um profissional muito bom, se anda
por aí a dizer a toda a gente em que quarto se encontra.


Muhammed rolou os olhos e persignou-se.
– Alá está a ver-te, Muhammed – murmurou Roger secamente e levantou-
se.


Roger viu a mulher loura assim que entrou na recepção. Estava sentada com
um grupo de homens a ver um jogo de futebol no televisor por cima do
balcão. Era noite de flaflu , o tradicional derby local entre o Flamengo e o
Fluminense no Rio de Janeiro. Fora por isso que o Fredo estivera tão cheio.


Passou rapidamente por eles, esperando que não o tivessem visto. Correu
pelas escadas alcatifadas acima e continuou ao longo do corredor. Sabia
demasiado bem qual era o quarto. Quando o marido de Petra estava fora da
cidade em negócios, Roger reservava o quarto 69.

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