Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

– Só me estava a perguntar.
– Quer ver mais alguma coisa?
Harry virou-se. Vigdis estava encostada à porta com um braço por cima da
cabeça e o outro na anca. A sensação de déjà vu era avassaladora.


– Tenho uma última pergunta, fru... Vigdis.
– Oh, está com pressa, inspector?
– O tempo está a passar no táxi que deixei à minha espera. A pergunta é
simples. Acha que ele a podia ter assassinado?


Ela demorou-se a observar Harry, enquanto pontapeava ao de leve o
caixilho da porta com o salto. Harry esperou.


– Sabe qual foi a primeira coisa que ele me disse quando lhe falei da
prostituta? Promete que não o contas a ninguém, Vigdis . Eu não o devia
contar a ninguém! Para Arne, a noção de que outros nos considerassem felizes
era mais importante do que o facto de realmente o sermos. A minha resposta,
inspector, é que não faço a menor ideia daquilo que ele era capaz de fazer.
Não conheço o homem.


Harry tirou um cartão de visita do bolso interior do casaco.
– Gostaria de que me ligasse se ele a contactar ou se descobrir onde é que
ele está. De imediato.


Vigdis olhou para o cartão com um ligeiro sorriso a brincar-lhe nos lábios
rosa-pálido.


– Só nessa altura, inspector?
Nas escadas exteriores, virou-se para ela.
– Contou a alguém?
– Que o meu marido era infiel? O que é que acha?
– Acho que é uma mulher prática.
Ela resplandeceu.
– Dezoito minutos – disse Øystein. – Merda, a minha pulsação estava a
começar a acelerar.


–   Ligaste para    o   meu telemóvel   enquanto    estive  lá  dentro?
– Claro. Limitou-se a tocar.
– Não ouvi nada. Já não está lá.
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