Público - 14.10.2019

Público • Segunda-feira, 14 de Outubro de 2019 • 29

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MUNDO

Sondagens à boca das urnas deram
ontem a vitória nas presidenciais da
Tunísia a Kais Saïed, o especialista
em direito constitucional de perÆl
conservador, sem passado político.
Uma previsão da empresa Emrod
deu-lhe 72,53% dos votos, face ao
seu concorrente Nabil Karoui, com
27,47%.
Karoui, empresário dos media ,

Vitória para o maior

outsider nas eleições

tunisinas

esteve detido preventivamente desde

Agosto até há poucos dias, sob sus-

peita de lavagem de dinheiro e fraude

Æscal. Mas não terá contado muito o

efeito surpresa da sua libertação,

após o Tribunal Administrativo ter

aceite o recurso que pedia o adiamen-

to das eleições argumentando não ter

as mesmas condições que Saïed.

Segundo o Huêngton Post Maghreb ,

Saïed ganhou na maior parte do país,

com votações a rondar os 90% nas

zonas interiores e mais pobres. Mes-

mo na Grande Tunes, Saïed, que pro-

põe o regresso da pena de morte e

que se opõe à igualdade entre

homens e mulheres em questões

sucessórias, terá conseguido bons

resultados: sempre acima dos 60%

das preferências dos eleitores. Saïed quer o regresso da pena de morte à Tunísia

Na sede do candidato, canta-se o

slogan da sua campanha: “O povo

quer!”, e agitam-se bandeiras.

As eleições decorreram com nor-

malidade, dizem os observadores,

citados pela publicação Jeune Afrique.

A participação foi de 58,5 % — um

pouco abaixo dos 64% de participa-

ção nas presidenciais de 2014.

Oito anos depois da revolução que

depôs o ditador Ben Ali, que morreu

no mês passado, o sentimento domi-

nante é de profundo descontenta-

mento face à classe política. A dispu-

ta da segunda volta por candidatos

que furam a lógica dos partidos domi-

nantes atesta-o, bem como o resulta-

do das eleições legislativas, há uma

semana, que produziram um Parla-

mento muito fragmentado.

Tunísia

O constitucionalista

conservador Kais Saïed tem

uma vitória esmagadora,

segundo as primeiras

projecções eleitorais

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MOHAMED MESSARA/EPA