E, num gesto rápido, retirou, de sob a almofada a seu lado, um exemplar
luxuoso do Livro de Alá.^34
— Aqui está o teu código sagrado, a base da tua fé — declarou
Nurenahar em tom grave, sem desviar os olhos de meus olhos, entregando-
me o Alcorão. — Eis o verdadeiro degrau do árabe, para a honra, para o
amor e para o céu.^35 Quero ouvir, agora, o teu juramento.
Não hesitei meio segundo. Inclinei-me como um escravo egípcio e
beijei-lhe a mão direita. E, a seguir, ajoelhei-me (voltado para Meca)^36 e,
apertando ao peito o Livro Incriado,^37 proferi o juramento que, saindo dos
lábios, nascia perfeito e sincero no fundo profundo do coração:
— Lá ilá ilalláh, Mohammed rassoul Allah!^38 Juro, por Alá, o Exaltado, o
Único, o Eterno, que Nurenahar, filha de Gibran Chiab, será minha esposa
e esposa única no amor, na vida e no pensamento! Lá ilá ilalláh, Mohammed
rassoul Allah!
Nurenahar, que se colocara também de joelhos a meu lado, logo que eu
terminei o juramento cingiu-me pelo pescoço e beijou-me demorada e
apaixonadamente. Percebi em seus olhos duas lágrimas, puras como o
albelor,^39 e através dessas lágrimas luciluzia um pensamento, firme e
dominador.
Combinamos o nosso casamento para sete dias depois. E decorridos
outros sete dias partimos para o prodigioso e inesquecível reino do Sião, o
país dos homens livres.
Vou narrar o que se passou.