A fantasia do xeque
A mulher louca é alvoroçada, é leviana, e não avalia o mal que pratica.
Davi, 9,13.
Há muito passava da meia-noite. A originalíssima noitada carnavalesca
promovida pelo rico e nobre James Dudeney transcorria com um brilho
incomparável. Nos quatro salões do palácio, luxuosamente ornamentados,
reinava uma atmosfera de estonteante alegria e rara beleza. As orquestras
vibravam sem cessar as saltitantes músicas americanas. De quando em vez
eu sentia sob os pés, ao caminhar, um verdadeiro tapete de confetes e
serpentinas. As fantasias mais custosas e mais exóticas desfilavam diante de
meus olhos deslumbrados. Príncipes, rajás magníficos, duquesas com
adereços de brilhantes e damas medievais (com seus chapéus vermelhos
guarnecidos a ouro) faziam curioso contraste com piratas, espanholas,
ciganas (com remendos em requinte de pura seda), camponesas turcas,
gladiadores romanos e chineses. Havia ali figuras que evocavam todas as
épocas da história e lembravam todos os climas do mundo.
Uma jovem, em esplêndida fantasia de Cleópatra, acercou-se de mim.
Trazia os cabelos negros presos por fita prateada; as mangas de seu vestido