Maeve Haran - A Dama do Retrato PT (2013)

(Carla ScalaEjcveS) #1

Porém, tal revelou não ser necessário. O esposo agarrou-a por um braço e puxou-a para fora
do estúdio, quase embatendo num dos assistente do pintor, que se assustou.



  • Diga ao mestre Lely que cancelamos a nossa encomenda. Pagarei os custos que tiverem
    ocorrido até agora.

  • Como se atreve...? – começou a duquesa.

  • Poderá retomar o seu retrato quando aprender algumas maneiras. E poderá começar por se
    despedir da sua única filha. Não quererá que Mistress Stuart envenene a corte com histórias a
    respeito da sua crueldade, presumo.

  • Adeus, filha – pronunciou Margaret com relutância.

  • Adeus, mãe – respondeu Mary com um profunda vénia, que se transformou de imediato em
    saltos e piruetas assim que a mãe saiu.
    Não tiveram muito tempo para celebrar terem-se livrado da língua afiada da duquesa.

  • Já sabem da novidade? – perguntou Cary Frazier, tão entusiasmada que se esquecera até de
    tingir as faces. – O rei declarou guerra aos Holandeses!
    As críticas mal-humoradas sobre o comércio em África, bem como acerca de confrontos entre
    navios holandeses e ingleses no canal, tinham vindo a aumentar nos últimos meses, mas o rei
    resistia a declarar a guerra, apesar das pressões que eram feitas de todos os lados. Tudo
    indicava que, por fim, havia cedido.
    Primeiro, parecia que nada mudara, exceto as fogueiras que tinham sido ateadas por toda a
    cidade, para celebrar. Depois, cerca de uma semana mais tarde, quando Frances regressava com


outras aias do Teatro do Rei, onde tinha assistido à peça O Imperador Índio^23 , com uma nova
atriz, Nell Gwynn, no papel de Cydaria, a carruagem estacou na esquina da Bow Street com a
Strand. Uma grande multidão reunira-se ali, escutando mais um profeta louco, semelhante ao
célebre Solomon Eagle. Aquele homem, embora não estivesse seminu, proclamava ser
astrólogo. Tinha subido a uma torre improvisada a servir de púlpito e era dali que arengava
para quem o ouvisse.



  • Recordem, boas gentes, a estrela ardente ou cometa que todos vimos no céu durante o Natal.
    Não previmos que pressagiava morte e desastre? – Muitos acenavam com a cabeça e
    acotovelavam os vizinhos para demonstrarem o seu acordo. – Não vos dissemos que, a menos
    que todos se arrependessem... – Reparou na carruagem de Frances, parada no meio da estrada,
    e apontou para lá. – Sim, e se a corte não abandonasse a grosseira lascívia e a corrupção
    fedorenta, o que se seguiria?
    Fitou-os com um olhar pesaroso.

  • A pestilência, meus amigos! – Como se o intuito fosse sublinhar a terrível palavra, uma
    procissão fúnebre, com o grupo de enlutados, avançou para a igreja de São Paulo, em Convent
    Garden, e atravessou uma rua ali perto, com o sino a repicar sete vezes, o que indicava a morte
    de uma mulher.
    A multidão, agitada, murmurava e uma ou duas pessoas benzeram-se segundo o costume
    papista.

  • E, depois da Pestilência, o que se seguiria...? A guerra! – Bateu numa tampa de panela de

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