minuciosamente, confiante de que estava explorando o que muitos homens
já tinham explorado antes.
— Está se divertindo? — perguntou ela.
— Sim — respondeu Gabriel com uma voz monótona. — Na
verdade, não me divirto tanto assim desde a última vez que removeram
uma bala do meu corpo.
— Espero que tenha doído.
Ele tirou a peruca escura da mulher e passou a mão por seus cabelos
louros curtos.
— Terminou? — ela quis saber.
— Vire-se.
Ela obedeceu, ficando de frente para ele pela primeira vez. Era alta e
magra, com os membros compridos e os seios pequenos de uma bailarina de
Degas. Seu rosto em forma de coração era infantil e inocente, mas os lábios
tinham o levíssimo esboço de um sorriso irônico. O Escritório adorava rostos
como o dela. Gabriel se perguntou quantas fortunas já teriam sido perdidas
devido àquela beleza.
— Como vai ser, então? — indagou ela.
— Do jeito costumeiro. Você vai examinar o dinheiro e eu vou
apontar uma arma para a sua cabeça. Se você fizer qualquer coisa que me
deixe ansioso, vou estourar os seus miolos.
— Você é sempre tão charmoso?
— Só com as garotas de quem realmente gosto.
— Onde está o dinheiro?
— Embaixo da cama.
— Você vai pegá-lo para mim?
— Sem chance.
A mulher bufou, ajoelhou-se ao pé da cama e puxou a primeira mala.
Abriu-a e contou o número de maços, primeiro na vertical, depois na
horizontal. Em seguida, puxou um do centro, como um climatologista
perfurando um bloco de gelo, e contou as notas.
— Terminou? — perguntou Gabriel, zombando dela.
— Estamos só começando.
Ela escolheu seis maços de seis partes diferentes da mala em seis
profundidades diferentes e contou rapidamente as cédulas, como se já
tivesse trabalhado num banco ou cassino. Ou talvez, pensou Gabriel, ela
apenas passasse muito tempo verificando dinheiro roubado. A cada maço,
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1