— Contorne a rotatória, pegue a segunda saída e siga 50 metros.
— E depois?
— Pare.
— É lá que ela está?
— Apenas siga as instruções.
Gabriel obedeceu. Não havia acostamento na estrada, logo ele foi
obrigado a passar por cima de um meio-fio baixo e estacionar no caminho
asfaltado para pedestres.
Bem à sua frente, havia uma espécie de prédio comercial, comprido
e baixo, com chaminés em cada ponta do teto de telhas vermelhas. À sua
direita, uma plantação de grãos se agitava sob o vento e a chuva. Para além
do campo, estava o mar.
— Onde você está? — perguntou a voz.
— Cinquenta metros depois da rotatória.
— Muito bem. Agora desligue o motor e ouça com atenção.
Era óbvio que aquelas instruções haviam sido previamente
programadas no computador, pois eram cuspidas de maneira
desconjuntada, mas constante. Gabriel deveria abrir o porta-malas e jogar a
chave no campo à sua direita. Madeline estava a aproximadamente 3
quilômetros adiante na estrada, no compartimento traseiro de um Citroen
C4 azul-escuro. A chave do outro carro estava escondida na roda dianteira
esquerda. Gabriel deveria segurar o telefone até alcançar o Citroen e a
chamada deveria ficar ativa para que pudessem escutá-lo. Sem polícia, sem
reforço, sem armadilhas.
— Não é bom o bastante — disse ele.
— Você tem quinze minutos.
— Senão o quê?
— Você está perdendo tempo.
Uma imagem lampejou na mente de Gabriel: Madeline na cela,
arranhando a própria pele até sangrar.
“Não consigo aguentar muito mais!’
“Eu sei.”
“Você tem que me tirar daqui.”
“Eu vou tirar.”
Gabriel saiu do carro e arremessou a chave com tanta força que ela
bem poderia ter ido parar no Canal. Então, memorizou a hora que o celular
marcava e começou a correr.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1