— Diga a Ari para sair do telefone, Gabriel. Ele vai escutá-lo.
— Prefiro ser atingido diretamente por um daqueles foguetes
palestinos.
Gilah sorriu e os conduziu para a cozinha. Perfiladas no balcão,
viam-se travessas com alimentos de aspecto delicioso; ela devia ter ficado o
dia todo cozinhando. Gabriel tentou roubar um pedaço da famosa berinjela
marroquina de Gilah, mas ela lhe deu um tapa na mão, de brincadeira.
— Quantas pessoas você planeja alimentar?
— Yonatan e sua família deveriam vir, mas ele não consegue sair por
causa do atentado.
Yonatan era o filho mais velho de Shamron. Era general das Forças
Armadas de Israel e havia boatos de que estava na disputa para se tornar
chefe do Estado-Maior.
— Comeremos dentro de poucos minutos — avisou Gilah. — Vá
sentar-se um pouco com Ari. Ele sentiu muito a sua falta enquanto você
esteve fora.
— Eu estive fora só por duas semanas, Gilah.
— A esta altura da vida, duas semanas são muito tempo para ele.
Gabriel abriu o vinho, serviu duas taças e levou-a para o outro
cômodo.
Shamron já não estava mais falando ao telefone, porém ainda olhava
fixamente para a televisão.
— Acabam de lançar outra barragem — informou ele. — Os foguetes
devem cair em poucos segundos.
— Haverá resposta?
— Agora, não. Mas, se isso continuar, não teremos outra opção senão
agir. A questão é: o que fará o Egito, agora que é governado pela Irmandade
Muçulmana? Eles vão ficar de braços cruzados enquanto atacamos o
Hamas, que é, no fim das contas, uma ala da Irmandade? Será que o Acordo
de Paz de Camp David vai ser mantido?
— O que Uzi disse?
— Neste momento, o Escritório não pode prever a exata reação do
líder egípcio caso invadamos Gaza. É por isso que o primeiro-ministro, pelo
menos por ora, não está disposto a agir enquanto chovem foguetes em cima
de seu povo.
Gabriel olhou para a tela; bombas começavam a cair. Ele desligou a
televisão e levou Shamron para a varanda. Estava mais quente ali do que
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1