SS.
— Achei que tivesse dito para queimar estes — repreendeu Gabriel.
— Você disse — admitiu Tziona mas não consegui.
— Quem é ele? — perguntou Madeline, encarando as pinturas.
— Seu nome era Erich Radek — respondeu Gabriel. — Ele
coordenou um programa nazista secreto chamado Aktion 1005. A meta era
ocultar todas as evidências de que o Holocausto tinha ocorrido.
— Por que sua mãe o pintou?
— Ele quase a matou na marcha da morte de Auschwitz em janeiro
de 1945.
Madeline ergueu uma sobrancelha, intrigada.
— Radek não foi capturado em Viena alguns anos atrás e trazido a
Israel para julgamento?
— Para seu governo, ele se voluntariou para vir a Israel.
— Sim, claro — disse Madeline, sem convicção. — E eu fui
sequestrada por criminosos franceses de Marselha.
No dia seguinte, eles dirigiram até Eilat. O Escritório tinha alugado
uma casa particular ampla perto da fronteira com a Jordânia. Madeline
passou os dias deitada ao lado da piscina, lendo e relendo uma pilha de
romances ingleses clássicos. Gabriel percebeu que a garota estava se
preparando para voltar ao país que não era realmente dela. Madeline não
era ninguém, pensou Gabriel. Não era uma pessoa real. E, não pela primeira
vez, perguntou-se se seria melhor para ela morar em Israel, e não no Reino
Unido. Foi o que lhe indagou na última noite de estadia no sul. Eles estavam
sentados num terreno rochoso em Neguev, vendo o sol se pôr nas terras
ermas do Sinai.
— É tentador — respondeu ela.
— Mas...?
— Não é a minha casa. Pareceria com a Rússia. Eu seria uma
estranha aqui.
— Vai ser difícil, Madeline. Muito mais difícil do que você pensa. Os
ingleses vão pressioná-la até terem certeza da sua lealdade. E vão trancá-la
em algum lugar que os russos nunca vão conseguir encontrar. Você nunca
vai poder retomar a antiga vida. Nunca. Vai ser horrível.
— Eu sei — disse ela, distante.
Na verdade não sabia, pensou Gabriel, mas talvez fosse melhor desse
jeito. O sol pairava logo acima do horizonte. De repente, o ar do deserto