A Garota Inglesa

(Carla ScalaEjcveS) #1

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CÓRSEGA


Mas quem tinha fornecido a fotografia condenatória que custou o
emprego de Jeremy Fallon e o levou a pular da Ponte de Westminster? Essa
era a pergunta que dominaria os círculos políticos britânicos nos meses
seguintes. Mas, na ilha encantada onde o escândalo teve sua gênese, apenas
algumas pessoas sofisticadas com jeito de terem vindo do norte devotaram
seu tempo a pensar na questão. De vez em quando, surgia um casal no Les
Palmiers para tirar uma foto posando de Madeline Hart e Pavel Zhirov na
tarde em que ambos tiveram o fatídico almoço. Porém, de forma geral, os
habitantes da ilha se esforçaram para esquecer o pequeno papel que sua
terra tinha desempenhado na morte de um importante político britânico.
Com a chegada do inverno, os corsos retomaram instintivamente os seus
velhos hábitos. Eles queimaram a macchia para se aquecerem. Sacudiram os
dedos na direção de estranhos para afastar o mau-olhado. E, num vale
isolado perto da costa sudoeste, buscaram a ajuda de Don Anton Orsati
quando não podiam recorrer a mais ninguém.
Numa tarde tempestuosa em meados de fevereiro, sentado à mesa
de carvalho em seu amplo escritório, ele recebeu um telefonema incomum.
O homem do outro lado da linha não queria que alguém fosse eliminado —
na verdade, nada surpreendente, pensou o don, pois o interlocutor era mais
do que capaz de cuidar dos próprios assassinatos. Em vez disso, ele estava
em busca de uma casa onde pudesse passar algumas semanas a sós com a
esposa. Deveria ser um lugar onde ninguém fosse reconhecê-lo e ele não
precisasse de guarda-costas. Orsati tinha o lugar perfeito. Mas havia um
problema: só se entrava e saía por uma única rua, que passava por três
oliveiras centenárias, onde o maldito bode de Don Casabianca acampava.
— Existe alguma forma de ele sofrer um acidente trágico antes de
nós chegarmos? — perguntou o homem pelo telefone.
— Desculpe — respondeu Don Orsati mas aqui na Córsega algumas
coisas nunca mudam.
Eles chegaram à ilha três dias depois, por um voo que saiu de Tel
Aviv, fez escala em Paris e seguiu para Ajaccio. Don Orsati tinha deixado um
carro à disposição no aeroporto, um Peugeot sedã cinza reluzente que
Gabriel dirigiu com a típica despreocupação corsa. Foi em direção ao sul,

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